Comunicado nº 42: 12 de outubro. Nada que celebrarmos. O nosso futuro é a Galiza e em galego

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12 de outubro. Nada que celebrarmos

O nosso futuro é a Galiza e em galego

O “Dia da Raça” ou da “Hispanidade”, agora maquilhado como “Festa nacional de Espanha”, este ano tem lugar numha conjuntura política que constata o caráter ultrareacionário do regime postfranquista.

O golpe institucional com unánime suporte mediático contra a direçom do PSOE nom só responde às pressons do grande Capital articulado no Ibex 35 e da UE para a investidura de um novo governo do PP. A intransigente defesa da unidade do mercado denominado Espanha polo Estado derivado da Transiçom foi determinante na recente defenestraçom de Pedro Sánchez.

Está claro como no 23F, como no referendo da OTAN, como na entrada sem consultar na UE, ou na mais recente reforma express da sua constituiçom mudando o artigo 135 para impôr a “estabilidade orçamental” priorizando o pagamento da dívida externa, que os poderes económicos exercem de verdadeiro governo na sombra, tutelando e condicionando o inquilino da Moncloa, mas támbém a política dos partidos sistémicos.

Nas semanas prévias, o ex-secretário geral do PSOE estava tentando vertebar um governo alternativo ao do PP, operaçom para a que necessitava o apoio de forças soberanistas catalanas e bascas ideologicamente neoliberais. Mas nem lhe permitírom experimentar a alternáncia política que carateriza a ditadura democrática da burguesia espanhola.

Este golpe nom só foi um novo aviso a navegantes, a aqueles que seguem insistindo em que sim é possível mediante reformas emanadas de maiorias aritméticas parlamentares desmontar o regime de 78. É umha clara demonstraçom de que nom só pretendem manter o status quo da Espanha indivisível, som contrários a ensaiar qualquer malabarismo de federalismos virtuais.

Tal como deixa claro Juan Carlos de Bourbon numha entrevista de France 3 censurada em Espanha, Franco o dia anterior de morrer colheu a sua mao e dixo-lhe “alteza, o único que lhe solicito é que perserve a unidade de Espanha. E isso se o pensa um quer dizer muitas cousas. Nom me dixo fai isto, nom faças outra cousa. Nom, nom, a unidade de Espanha. Isso é todo”.

Estas declaraçons do “rei emérito” som suficientemente gráficas para entendermos qual é a forma que adota a luita de classes na Galiza e o caráter do inimigo que confrontamos na nossa luita. Sem libertaçom nacional, sem ferramentas de decisom próprias, sem independência e soberania nacional, toda declaraçom de mudar o regime é umha quimera.

Sem quebrar a unidade de Espanha nom é possível umha transformaçom social. Eis a imprescindível equaçom para vertebrar um movimento realmente ruturista e revolucionário Sem independência nacional nom se pode construir o Socialismo. Por sua vez o Socialismo é a garantia da independência e a soberania nacional da Galiza.

Mas a “esquerda” espanhola é profundamente jacobina, negadora dos direitos nacionais da Galiza e dos outros povos oprimidos, contrária por ativa ou por passiva ao exercício do direito de autodeterminaçom. Eis a linha vermelha diferenciadora entre a “esquerda” reformista e a revolucionária. Entre os que som aceitados e os que somos combatidos sem trégua.

O projeto político de Podemos perserva intato -com formas mais amáveis e mesmo às vezes aparentemente sedutoras-, o supremacismo espanhol.

Pablo Iglesias nom vai estar na Zarzuela nos atos de comemoraçom do genocídio espanhol, nem no desfile militar, por ser solidário com os direitos conculcados da Galiza e do resto de naçons oprimidas. Simplesmente nom vai estar porque Podemos tenta vertebrar um novo patriotismo espanhol superador do rançoso conceito franquista. Um renovado nacionalismo espanhol que logre a legitimaçom de amplos setores populares afastados do tradicional imaginário imperialista. Porém, o seu nacionalismo hispano é igual ou mais perigoso que o de Rajói, Felipe González, Feijó ou Abel Caballero.

Frente a este cenário tam adverso para a luita de classes e de libertaçom nacional já nom servem meias tintas, discursos ambíguos como os do BNG, a meio caminho entre a crítica radical do quadro autonómico e a reclamaçom formal da soberania nacional. Pois cada vez que cumpre exercer política e reforçar simbolicamente a oposiçom frontal aos alicerces do regime espanhol, optam por submeter-se a sua lógica. Como ontem quando o alcaide do seu Concelho estrela legitimava as forças armadas de ocupaçom participando em Ponte Vedra no ato de comemoraçom do 50 aniversário da BRILAT.

Neste 12 de outubro nada temos que comemorar e muito que denunciar. Agora Galiza transmite aos povos de América e das Caraíbas a solidariedade galega com a resistência indígena e a sua luita pola segunda e definitiva independência.

E ao nosso povo a exercermos com orgulho e sem complexos que somos e queremos sermos galegas e galegos, a repudiar esta data comemorativa do maior genocídio da história que favoreceu a expansom e consolidaçom do sistema capitalista que a dia de hoje pretende converter-nos novamente em escravos.

Direçom Nacional de Agora Galiza

Na Pátria, 10 de outubro de 2016