II Assembleia Nacional ratifica firme vontade de reconstruir a esquerda revolucionária galega
Um amplo consenso e coesom caraterizou o desenvolvimento das análises, debates e acordos adotados na II Assembleia Nacional de Agora Galiza realizada hoje em Compostela sob a legenda Reconstruir ferramentas de combate.
As três teses [Organizativa, Ideológica e Política] fôrom aprovadas com um amplo respaldo da militáncia.
II Assembleia Nacional fecha o período de interinidade aberto após a Assembleia fundacional de 4 de julho de 2015. Até hoje Agora Galiza vinha-se regindo polos Estatutos de NÓS-UP, organizaçom da que procedemos e com orgulho reivindicamos como própria a sua trajetória e legado.
Principais acordos da II Assembleia Nacional
No plano organizativo Agora Galiza aprovou os seus Estatutos, passando a denominar-se Agora Galiza-Unidade Popular, reforçando assim o seu caráter de força política ampla, unitária, plural e com vocaçom de massas.
No ámbito ideológico reafirmamos o caráter de organizaçom socialista e feminista galega de libertaçom nacional. Adotamos o marxismo como método de análise e interpretaçom da realidade, como teoria revolucionária anticapitalista visada para a emancipaçom da classe trabalhadora.
Oito som as bases ideológicas sobre as que se assenta Agora Galiza-Unidade Popular: socialismo, independência nacional, feminismo e antipatriarcado, democracia socialista, anti-imperialismo, monolingüismo e reintegracionismo, cultura popular e ecologismo.
No plano político a II Assembleia Nacional de Agora Galiza-Unidade Popular analisou a situaçom internacional onde a vitória do capitalismo na sua forma neoliberal e imposiçom de um mundo unipolar de guerrra permanente contra os povos, as mulheres e a classe trabalhadora, acelerou e radicalizou a ofensiva da burguesia contra os direitos, as conquistas e as liberdades, atingidas pola classe obreira em mais de cento cinquenta anos de suor, sangue e lágrimas.
Embora estemos no olho do furacám de grandes tempestades derivadas da crise crepuscular do capitalismo senil, a dramática ausência de ferramentas revolucionárias impossibilitam o incremento das condiçons subjetivas, essenciais para umha Revoluçom Socialista.
A profunda crise na Galiza do projeto emancipador e libertador da “esquerda” deriva de três derrotas estratégicas consecutivas: perante o fascismo em 1936, perante a maquilhagem do franquismo, reformado na atual monarquia bourbónica na segunda metade da década de setenta, e pola implosom da URSS em 1991.
A involuçom socio-política atual e as tendências fascistizantes em curso, derivam destas três derrotas concatenadas, e da pratica legalista e sistémica da “esquerda” hegemónica, instalada na resignaçom, a disgregaçom e o amorfismo.
O longo ciclo de refluxo e carência de perspetivas de vitória, condicionam o agir da esquerda revolucionária que nom capitula nem se deixa enredar pola lógica do ilusionismo eleitoral e o desmobilizador cretinismo parlamentar.
O desarme ideológico e incoerência teórico-prática da “esquerda”, o abandono do imaginário simbólico, mais a incapacidade e desinteresse para construir ferramentas de defesa e ofensiva contra a ditadura do Capital, som corresponsáveis pola dramática situaçom que padece a imensa maioria da humanidade trabalhadora e oprimida, e o povo trabalhador e empobrecido da Galiza.
Até lograrmos depurar o marxismo da contaminaçom e deturpaçom que padece pola hegemonia pequeno-burguesa entre as forças que se audodefinem de “esquerda”, até reinstaurar os seus fundamentos e princípios, até resgatá-lo da adulteraçom e esterilizaçom, recuperando a sua natureza subversiva, depurando-o da estafa do relato pacifista, pactista e eleitoralista que define a prática totalidade das organizaçons “marxistas”, nom será possível sentar as bases para superarmos o ciclo reacionário.
Agora Galiza-Unidade Popular é plenamente consciente da indigência organizativa da esquerda revolucionária galega, mas nom renuncia à tarefa titánica da sua reconstruçom.
A nossa prioridade é reconfigurar e refundar a esquerda anticapitalista galega que nom se submete à lógica do Capital nem se conforma com gerir as migalhas da Autonomia que nos concede a Espanha da oligarquia postfranquista.
Apostamos na edificaçom de umha organizaçom genuinamente antisistémica, com o centro de gravidade na Galiza, afastado da política espetáculo burguesa, da analgésica lógica da alternância parlamentar da terceira restauraçom bourbónica, umha força política-movimento social eminentemente obreira e popular pola sua composiçom, ideologia, natureza e doutrina.
Apostamos pola mobilizaçom e confrontaçom social, pola luita organizada de um povo trabalhador unido e movimentado sob umha estratégia insurrecional.
Contrariamente ao falso relato das forças autoqualificadas “ruturistas”, nom é possível iniciar um processo de transformaçons profundas sem um processo de auto-organizaçom operária e popular com orientaçom e prática classista, que desloque a pequena burguesia da direçom dos partidos de “esquerda”.
Sem a implementaçom de umha coerente estratégia de mobilizaçom operária e popular permanente e encadeada, seguiremos retrocedendo, perdendo direitos, conquistas e liberdades, ao ritmo que nos impom a oligarquia espanhola e as diretrizes da UE.
Mediante a estratégia de confrontar, deslindar, organizar e acumular definimos e marcamos como tarefas e objetivos táticos no horizonte estratégico da Revoluçom Galega:
1- Deslindar e confrontar com as falsas alternativas reformistas, para criar as condiçons subjetivas que nos permitam acumular para luitar com eficácia pola única saída possível para mudar o atual estado de cousas: a rutura com o status quo.
2- Gerar factos políticos, intervir, participar nos conflitos, ganhar referencialidade, elaborar alternativas táticas, acumular forças.
3- Desenvolver umha denúncia permanente do fascismo, contribuíndo para a criaçom de um Bloco Popular Antifascista.
4- Atualizar e divulgar o PTRP [Programa Tático para a Rebeliom Popular], esse meio milhar de medidas que permitam transformar a resignaçom e a indignaçom numha alternativa de governo que supere as falsas esperanças da saída eleitoral, segue sendo o nosso gps para a construçom de espaços tangíveis de poder popular.
5- Todos os parámetros e indicadores constatam que taticamente nom existem condiçons mínimas para seguir ensaiando a nossa concorrência eleitoral. Sem descartarmos participar em processos eleitorais a nossa prioridade é contribuir para a convergência das luitas sociais e locais, promovendo espaços de encontro e mobilizaçom.
6- A crise do projeto político da Naçom galega exige concentrar-nos na difusom do discurso genuinamente patriótico de ótica socialista. Sem Pátria nom há Revoluçom Galega. Sem soberania nom se pode construir o Socialismo, e o Socialismo é a garantia para preservar a independência e a soberania nacional. Pátria Socialista deve ser umha das nossas palavras de ordem prioritárias.
7- À equaçom Independência e Socialismo devemos dialeticamente acrescentar a superaçom do específica opressom, dominaçom e exploraçom que padece mais de metade da força de Trabalho, as mulheres, com um discurso e prática feminista. Desenvolver a açom teórico-prática do feminismo galego de classe é um dos nossos objetivos para o vindouro biénio.
8- Manter umha política de alianças assimétrica em base à coincidência programática a escala setorial e no quadro nacional de luita. Somos partidári@s de amplas alianças em base a programas avançados.
9- Divulgaçom da estratégia de Rebeliom Popular como método que permita ensaiar a ruptura com o regime de 78.
Direçom Nacional de Agora Galiza-Unidade Popular
Galiza, 1 de dezembro de 2018