Comunicado nº 117: Avaliaçom dos resultados eleitorais de 28 de abril

Padrão

Avaliaçom dos resultados eleitorais de 28 de abril

Novamente Agora Galiza-Unidade Popular fomos a única organizaçom política galega que apelamos publicamente a nom votar.

Como organizaçom revolucionária marxista nom defendemos nem exercemos umha doutrina abstencionista. A posiçom fixada para 28A deriva dumha leitura concreta da conjuntura concreta. Defendimos a abstençom consciente porque nom apresentamos candidatura própria, e porque nom existia nengumha candidatura que conjugasse dialeticamente um genuíno programa anticapitalista e patriótico galego.

Nom votar era e segue sendo a única opçom coerente como força revolucionária, até que haja melhores condiçons objetivas e subjetivas que recomendem reabrirmos esta frente de luita, nalgumha suas diversas variantes.

Eramos conscientes que na específica atmósfera deste processo, votar era a opçom hegemónica entre aqueles setores sociais do nosso contorno, entre os trabalhadores e trabalhadoras, a juventude, que participa ativamente na luita social e política de coordenadas antisistémicas.

Porém, nada devemos, nem nada queremos de ninguém, para termos que fazer méritos ou pagar favores. A independência de classe frente ao regime de 78, o Estado, a burguesia e os partidos sistémicos da pequena-burguesia, permitem adotar decisons táticas e manter umha linha estratégica coerente com o projeto sociopolítico do qual procedemos e reivindicamos como próprio, e que teimamos em reconstruir contra vento e maré.

Sabiamos que o temor ao auge do fascismo sem complexos representado por Vox, habilmente alimentado polos meios de [des]informaçom do social-liberalismo e polo PSOE, lograria um destacável incremento da participaçom.

Resultados na Galiza autonómica

Na Comunidade Autónoma aumentou 15.16 pontos, passando de 58.76% a 73.96%, sendo a mais elevada desde 1977. No conjunto do Estado espanhol aumentou perto de 10 pontos, passando de 66.48% a 75.75%, a quarta mais alta no postfranquismo, só superada nos eleiçons de 1977, 1982 e 1996.

Dezenas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras galegas, assustadas pola ameaça fascista, optárom polo mal denominado voto “útil”, concentrando-o no PSOE para assim frear as expetativas dos inquéritos manipulados e maquilhados para gerar tendências eleitorais.

A nível autonómico, o grande vencedor destas eleiçons foi o PSOE da família Caballero, logrando um histórico sorpasso sobre o PP de Feijó e Casado, atingindo 524.844 votos [32.13%], mais 176.830 votos, embora ainda mui afastado do seu teito de 750 mil em 2008.

Agitando o fantasma do fascismo logrou ativar e concentrar destacados segmentos sociais, basicamente nas províncias de Ourense e Lugo onde, perante a impossibilidade das opçons socialdemocratas de atingir cadeira [Podemos, BNG, En Marea], aglutinou o voto contra as três organizaçons situadas no campo do fascismo.

O PP da corrupçom e o saqueio, do neoliberalismo selvagem, perdeu 200 mil votos, situando-se como segunda força com 447.562 votos [27.39%].

A deliberada autovoadura do fraudulento espaço conhecido até há umhas semanas como “nova política”, passou fatura entre o seu eleitorado. A candidatura da socialdemocracia espanholista apresentada sob a marca Unidas Podemos, com 236.746 votos [14.49%], segue sendo a terceira força política a nível autonómico galego, mas mui afastada do PSOE com o que em 2016 mantinha um “empate técnico”. Perdeu mais de 110 mil votos, 60% da sua representaçom, passando de 5 a 3 deputados.

O outro vencedor destas eleiçons é o neofalangismo laranja. C´s sumou 47 mil votos mais, ficando como quarta força política com 182.678 votos [11.18%].

O autonomismo socialdemocrata fracassou no seu objetivo de recuperar a presença institucional nas Cortes espanholas. Embora BNG duplicou apoios, passando dos 45.252 votos de 2016 aos atuais 93.810 [5.74%], ficou mui longe de atingir representaçom em Madrid.

O fascismo sem complexos representado por Vox fracassou parcialmente no nosso país. Com metade da percentagem de apoios logrado a nível estatal, os 86.126 votos [5.27%] fôrom insuficientes para atingir cadeiras. A relativa solidez das sólidas redes de clientelares e de dominaçom do PP autótono, evitárom umha maior fuga de votos, tal como foi a tendência a escala estatal.

O devacle da Marea constata os erros da estratégia que facilitou a recomposiçom do eurocomunismo espanhol na Galiza. A catástrofe nas urnas da marca eleitoral de Villares, com tam só 17.726 votos [1.08%], confirma que a experiência da mestizagem frentista que levamos denunciando sem trégua, só foi útil para as sucursais dos partidos socialdemocratas espanhóis.

Os resultados testemunhais atingidos polas candidaturas marxistas, similares aos que logravamos como NÓS-UP, constatam que na atual fase da luita de classes na Galiza a frente eleitoral nom serve para acumular forças visadas para umha estratégia revolucionária.

Resultados a nível estatal

PSOE concentrou o voto “útil” da esquerda social e política, somando 2 milhons mais de sufrágios com respeito a 2016. Com 7.480.755 votos [28.66%] passa de 85 a 123 deputados nas Cortes e logra por primeira vez maioria absoluta no Senado, convertendo-se assim no gestor absoluto do artigo 155 da constituiçom postfranquista.

Com 4.356.023 sufrágios [16.70%], o descalabro do PP de Casado e Aznar superou as piores expetativas. Perdeu mais de 3.600.000 votos, umha parte dos quais passásom a C´s e Vox.

C´s quase atinge o sorpasso sobre o PP. O neofalangismo logrou 4.136.600 votos [15.66%], perto de 1 milhom mais de apoios, procedentes da hemorragia do PP.

Aliança socialdemocrata entre IU e Podemos com outras organizaçons menores, passou a ser 4ª força política nas Cortes. A coaligaçom liderada por Pablo Iglesias atingiu 3.118.191 votos [11.96%], perdendo polo caminho mais de 1 milhom de votos.

A terceira expressom eleitoral do fascismo espanhol entra com força no Parlamento da III restauraçom bourbónica com 2.677.173 votos [10.26%], mas mui por baixo das falsas expetativas deliberadamente sementadas e divulgadas polo aparelho de desinformaçom do social-liberalismo e as forças socialdemocratas. Os 23 deputados de Vox encabeçados por Abascal, som resultado da hemorragia “casadista” e do desprestígio acumulado entre a base social reacionária pola corrupçom do PP.

Destacar os importantes éxitos eleitorais do independentismo pequeno-burguês e burguês catalám, [ERC e JxCat] e basco [EH Bildu e PNB] que incrementam a sua representaçom.

Balanço e perspetivas

A esquerda revolucionária galega compreende o alívio que amplos setores operários e populares sentírom na noite de domingo 28 de abril, quando a ameaça de umha maioria arítmética das três forças reacionárias e fascistas carecia da suficiente correlaçom de forças.

Porém, disentimos e nom compartilhamos a euforia polo devacle do PP, e as falsas expetativas novamente geradas sobre um governo “progressista” encabeçado polo PSOE.

A experiência histórica das cinco décadas de postfranquismo constatam e reafirmam, umha e outra vez, que o partido de Pedro Sánchez é umha força reacionária tingida de vermelho descorido.

Nada se deve aguardar do PSOE do 155, da reforma laboral, do submetimento ao Ibex 35, aos monopólios e multinacionais, do PSOE leal à NATO e UE, de apoio ao golpismo venezuelano, de alinhamento com o imperialismo, mais alá de gestos políticos aparentemente progressistas que nom questionem a hegemonia do Capital nem o chauvinismo espanhol.

É injustificado este entusiasmo e alegria, pois o “frentismo antifascista” da precampanha e campanha eleitoral foi umha fraudulenta, mas eficaz estratégia, para ganhar as eleiçons. Mecanismo exitoso para o PSOE, mas nom para a socialdemocracia que viu como 40% dos seus apoios eleitorais se fugárom para o partido de Pedro Sánchez e os Caballeros.

Todo indica que as duas opçons preferentes do PSOE som governar em solitário com os seus 123 deputad@s, mediante pactos geometricamente variáveis, ou bem um governo com grande estabilidade legislativa em coaligaçom com o o neofalangismo de Albert Rivera.

Ibex 35, CEOE e a troika terám a última palavra à hora de decidir que alternativa é a melhor para reforçar a exploraçom e a opressom, e estabilizar a multicrise do capitalismo espanhol.

A segunda opçom [governo PSOE com o neofalangismo] constataria o gigantesco engano que supujo concentrar votos no PSOE para derrotar o fascismo nas urnas.

A debilidade da socialdemocracia para condicionar o governo do PSOE, prognostica novamente quatro anos de medidas permanentes contra os direitos e liberdades do povo trabalhador. Na nova legislatura PSOE terá que implementar a agenda neoliberal que exige Bruxelas e o FMI, e cuja consequências serám mais dor, mais sofrimento e mais miséria para a classe operária e as camaras populares.


A estratégia d
o voto “útil” antifascista constata que nom estava suficientemente fundamentada, pois nom se pode desligar da luita anticapitalista o combate contra a forma terrorista que adota a ditadura burguesa.

Agora Galiza-Unidade Popular consideramos que a tarefa prioritária segue sendo erguer umha muralha antifascista, pois nom se pode subestimar a dimensom eleitoral/institucional das três forças fascistas.

O perigo desta ameaça segue plenamente vigente, e mais quando PSOE carece realmente de vontade política para esmagá-los.


Agora Galiza-Unidade Popular realiza um apelo para o conjunto das forças, partidos e entidades antifascistas, a iniciar um processo de conversas para constituir um espaço galego antifascista.

Lamentamos que a Galiza siga fora de jogo pola carência de umha força que represente coerente e dignamente os interesses da sua classe obreira e da Naçom. A ausência nas Cortes do autonomismo socialdemocrata nom suplantaria esta dramática situaçom de invisibilidade derivada do processo de assimiliaçom em curso, pois só agiria de muletinha galeguista do PSOE, como já fai nas Deputaçons de Corunha e Ponte Vedra.

Só a presença de umha força revolucionária, dotada de um programa genuinamente anticapitalista e patriótico, poderia representar a Galiza do Trabalho, a Galiza dos oprimidos e excluídas, a Galiza rebelde e combativa, utilizando este altofalante institucional para denunciar o atraso e dominaçom a que nos submete a dupla pressom do capitalismo espanhol e da UE.

Nom há mais caminho que a auto-organizaçom operária e popular para luitar polo nosso futuro. A derrota real das forças reacionárias nom será nas urnas e sim nos centros de trabalho e ensino e nas ruas. Há que abandonar o fetichismo da aritmética eleitoral, superarmos a superstiçom de que se pode ganhar umhas eleiçons na “democracia” dos banqueiros e dos monopólios, na “democracia” postfranquista. Se confiamos na immensa força que temos como classe e naçom, em que somos mais que eles, na imensa potencialidade da nossa unidade e mobilizaçom, lograremos derrotá-los.


A rutura com o regime postfranquista só se vai produzir num processo socialista de libertaçom nacional. Simplesmente Espanha e o capitalismo é irreformável.


O seu sucesso require apostar na luita operária e popular, pola orientaçom e direçom classista, pola complementaçom de todos os métodos de luita, subordinando o institucional/eleitoral à luita de massas, por promover e organizar a conflituosidade nas ruas e centros de ensino e trabalho, por construir cultura rebelde.


Som tempos de combate ideológico, de deslindar e confrontar com as fraudes reformistas e populistas para assim podermos acumular forças revolucionárias.

Direçom Nacional de Agora Galiza-Unidade Popular

Na Pátria, 30 de abril de 2019

74 aniversário da derrota da Alemanha nazi polo Exército Vermelho, e 44 aniversário da libertaçom do Vietnam pola FLN.