Comunicado nº 129. Sobre o “Acordo de investidura BNG e PSOE”

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Sobre o “Acordo de investidura BNG e PSOE”

O autonomismo socialdemocrata galego justifica o voto afirmativo do seu único deputado, na investidura de Pedro Sánchez, como resultado do “beneficioso acordo para Galiza”, atingido na negociaçom com o PSOE.
Porém, a realidade do pactuado nos 13 pontos que conformam o acordo assinado 3 de janeiro, que comprometeu o voto favorável do BNG na investidura de Pedro Sánchez, está mui afastada dos interesses e das necessidades imediatas do povo trabalhador e
empobrecido da Galiza.
Tal como já manifestamos na nossa posiçom e caraterizaçom realizada sobre o novo governo espanhol, nom depositamos a mais mínima expetativa no novo inquilino da Moncloa.
A coaligaçom PSOE-Unidas Podemos configura um governo social-liberal com incrustraçons socialdemocratas. Abre umha breve paréntese que permita ganhar tempo, desmovimentar
ainda mais a classe trabalhadora e setores populares, para posteriomente poder implementar as agressons pendentes que exige o Ibex 35 e o Banco Central Européu, imprescindíveis para manter e multiplicar a taxa de ganho da burguesia.
Palavras bonitas, gestos e atitudes “progressistas”, apariências e talantes dialogantes, ocultarám o continuismo da etapa do PP, e maquilharám a supeditaçom às macropolíticas
económicas ao serviço do grande capital.
O “Acordo de investidura BNG e PSOE”, é basicamente um conjunto de brindes ao sol e linhas mestras de um programa neodesenvolvementista, carente de ambiçom, que favorece os interesses do capital autótone e as aspiraçons da pequena-burguesia nacional, que sonha
em incrementar a sua talhada nas migalhas da gestom institucional que lhe concede o bloco oligárquico.
Boa parte das propostas que se plasmam nos 13 pontos, extraídas dos programas eleitorais do BNG e do PSOE, e nalguns casos de acordos consensuados no parlamentinho autonómico, carecem de orçamento e de prazos de execuçom. Aparentemente alguns deles semelham umha boa melodia, mas nom há instrumentos musicais nem orquestra para tocá-la!
1- Transferir todas as competências contempladas no Estatuto de Autonomia da Galiza e mesmo algumhas delas já consensuadas entre todas as forças políticas representadas no
Hórreo, depende basicamente da vontade política do atual presidente da Junta da Galiza. Portanto, é umha declaraçom de intençons que só se pode aplicar se o PP quer.
2- Assegurar manter o idêntico estatus de dependência nacional da Galiza, similar ao Catalunha e o País Basco, perante umha improvável mudança na estrutura territorial do Estado, nom passa de ser umha ingénua e enganosa declaraçom. O PSOE, como pedra angular do postfranquismo, só pretende evitar a toda custa o exercício de autodeterminaçom, e o BNG só procura um melhor encaixe da Galiza no quadro jurídico-político da III restauraçom bourbónica.
3- As três medidas concretas de “apoio à lingua galega”, som mornas, inconexas e superficiais. Mais apariência e propaganda, que um conjunto articulado e coerente de medidas de choque que contribuam para alterar e reverter o processo de destruiçom dos sinais de identidade da Galiza, dos que o PSOE é um dos instrumentos destacados.

4- Os pontos 4, 5, 6 e 7, som medidas que basicamente só favorecem o processo de acumulaçom do capital autótone, os interesses das grandes companhias e empresas multinacionais radicadas na Galiza. Medidas que nom reportam benefícios e melhoras nas condiçons de vida da imensa maioria do
povo trabalhador e empobrecido da Galiza.
A transferência da AP-9, e gratuidade para os usuários da teleportagem que realizem ida e volta no memo dia, é umha medida que erroneamente o BNG pretende capitalizar como um
êxito de umha demanda histórica do povo galego, mas que na realidade só beneficia um reduzido segmento. A intensidade média diária [IMD] atingida nesta autoestrada no verao de
2019, foi de 29.249 veículos. Embora suponha o recorde da última década, segue por debaixo das cifras de 2007, constatando o reduzido alcance desta medida. Audasa deve ser
simplesmente nacionalizada e a AP-9 gratuíta.
A modernizaçom da rede ferroviária galega é um clássico dos programas eleitorais, mas contraditória e antagónica com o rol asignado polo PSOE à Galiza na divisom internacional do
Trabalho. A aposta no AVE e o seu apoio a um modelo de “Corredor Atlántico” no que a Galiza ficou excluída, definem quais som as linhas mestras do PSOE. Completar a conexom ferroviária com os portos exteriores da Corunha e Ferrol som medidas que demandam as empresas, mas que nom beneficiam diretamente a classe trabalhadora galega.
No compromisso de saneamento e regeneraçom das Rias constata-se a ausência de concreçom orçamentária. Retrocesso e ambiguidade definem a posiçom acordada na demanda histórica de impedir a continuidade de Ence na Ria de Ponte Vedra. O BNG renuncia a anular a prórroga concedida ilegalmente polo governo em funçons de Mariano Rajói e a decretar a sua extinçom. Opta pola fórmula ambígua do traslado desta planta de eminente factura colonial a outro lugar
do país, em vez de apostar pola suspensom definitiva da licença. Nom se contempla umha alternativa viável para garantir os postos de trabalho que gera a fatoria. Nada se menciona, e
portanto se acorda, sobre o modelo florestal que segue transformando o país num imenso eucaliptal, nem na imprescindível alteraçom da política agrária que está despovoando e desertificando o campo para converté-lo em fácil presa das gadoupas depredadoras da indústria elétrica, mineira e florestal.
5- A política de remendos, carente de ambiçom e coragem, à hora de adotar medidas estratégicas visadas para articular um novo modelo económico industrial, ecologicamente
sustentável e respeituoso com o nosso meio, fica patente nas medidas que afetam o processo de descarbonizaçom. O acordo BNG-PSOE é palha, que só procura paliar em base a ajudas da
UE o impacto do encerramento das centrais térmicas. Pretender compaginar os antagónicos interesses de Endesa com os do povo trabalhador das Pontes e Cerceda, nom passa de ser
simples malabarismo político.
Nom se define um plano tangível de reindustrializaçom das comarcas afectadas polo processo de descarbonizaçom, nem das golpeadas polas reconversom industrial [Vigo e Trasancos],
decididas em Madrid e Bruxelas, e implementadas polos governos do PSOE da década de ´80 do século passado.

6- A reduçom da fatura elétrica das empresas eletrointensivas e medidas compensatórias polos custos indiretos nas emisons de CO2, só favorece os interesses da burguesia autótone e das multinacionais. O acordo assinado polo BNG com o PSOE está pensado para satisfazer as demandas dos donos de Alcoa, de Megasa, de Finsa, Intasa, Ferroatlántica, SLG Carbom, Celsa
Atlantic, Ence, Inditex.
7- Simples palavras bonitas no referido à “agenda industrial galega”, carente de objetivos concretos, adiados às decisons que podam adotar mesas tripartitas configuradas polo
sindicalismo burocrático do regime, empresários e Administraçons.
8- A modificaçom da “Lei integral contra a violência de género “ e a “Lei Orgánica do Poder Judicial”, reforça o fetichismo promovido polo feminismo liberal e pequeno-burguês, que no
quadro do capitalismo e o patriarcado pode ser combatida com eficácia a violência machista. A ilusom de poder transformar consciências sem alterar as relaçons socio-económicas, o modelo de ensino, a publicidade consumista e o papel alienante dos meios de [des]informaçom de
massas.
9- Ausência de ambiçom à hora de pactuar um plano de choque que reforce os serviçospúblicos de atençom à dependência

10- Os brindes ao sol atingem o seu paroxismo no ponto 13, no referente às derrogaçons da legislaçom lesiva implementada contra as maiorias sociais. A sua ambiguidade calculada,
impossibilita saber se a derrogaçom da reforma laboral se circunscreve a do PP, ou também se aplica à de Zapatero.
Perante as falsas leituras que promove o BNG, Agora Galiza-Unidade Popular é consciente que o acordo que facilitou a investidura de Pedro Sánchez, nom passa de ser papel molhado, por muito que o autonomismo socialdemocrata o apresente como um êxito para os
interesses do povo galego.
Nem se vai aplicar, nem no caso de fazélo, vai beneficiar as imensas maiorias sociais, pois boa parte das medidas assinadas só servem para incrementar a acumulaçom de Capital dos donos deste país, das famílias Ortega, Castelo, Tojeiro, Jove, Freire, García Baliña, Fernández Somoza.

Perante este cenário, de ausência de medidas concretas para criar condiçons subjetivas que permitam acumular forças visadas para transitar face um governo operário e popular,
patriótico e feminista, na linha das 502 medidas que conformam o Programa Tático para a Rebeliom Popular [PTRP], apresentado pola esquerda independentista e socialista galega em maio de 2013, manifestamos a nossa radical oposiçom.
Acreditarmos nas “bondades” do acordo, só contribui para gerar falsas expetativas, caldo de cultivo da frustraçom que abre as portas e facilita o avanço do populismo fascista.
Sabemos que a “esquerdinha” domésticada, implicada diretamente, ou apoiante do novo Governo, mais os aparelhos burocráticos sindicais e a aristrocracia operária, cumprirám o rol de muro de contençom dos protestos populares.

Eis polo que Agora Galiza-Unidade Popular apela aos setores mais avançados da classe operária e do povo trabalhador a configurar um pólo patriótico e classista que combata o fascismo e desenmascare o fraudulento governo do tandem Pedro Sánchez/Pablo Iglesias.

Nom podemos facilitar que a extrema-direita capitalice a frustraçom e a indignaçom popular que nos vindouros meses gerará este governo.
A luita é o único caminho!

Direçom Nacional de Agora Galiza-Unidade Popular
Na Pátria, 31 de janeiro de 2020