12 de agosto de 2015, praça do Toural, Teis, Vigo.
Lamentavelmente a Galiza pola que luitou Moncho, a Pátria com a que sonhou Moncho, o País ao que entregou a sua vida Moncho Reboiras, nom se assemelha ao de 1975.
40 anos após o assassinato do revolucionário galego pola polícia espanhola, da queda em combate do fundador da esquerda independentista contemporánea, tem-se perpetuado exponencialmente o atraso, a dependência, a assimilaçom e a exploraçom da Galiza por Espanha. Todos os indicadores socioeconómicos e lingüísticos asssim o confirmam.
Esta praça -pola que tanto transitou a inícios da década de setenta Moncho Reboiras-, é exemplo sangrante dos enormes retrocessos que a Galiza e as suas camadas populares, temos experimentando nestas últimas 4 décadas pola açom combinada do tandem Madrid-Bruxelas.
Onde antes viviam dezenas de milhares de trabalhadores do mar, de assalariados da construçom naval, de operárias da conserva e do têxtil, hoje é um bairro assolado pola emigraçom e o desempego, onde é visível a pobreza e a exclusom social a que nos condena o capitalismo espanhol e a Uniom Europeia.
Sim, companheiras e companheiros, amigas e amigos, que hoje nos acompanhades na primeira atividade pública convocada em solitário como Agora Galiza, nas últimas 4 décadas a opressom espanhola sobre a nossa Naçom e o nosso Povo tem avançado mais que nos 5 séculos anteriores, quando se consumou a perda da nossa soberania.
A verdade sempre é revolucionária. E nós, Agora Galiza, como organizaçom socialista e feminista galega de libertaçom nacional, nom queremos, nem podemos questionar este axioma.
Temos um compromisso insubornável com a Galiza do Trabalho, com as mulheres que padecem múltiplas e especiais situaçons de vulnerabilide, e com o País que sofre as lacras do desemprego, da pobreza e da emigraçom. E nom queremos defraudá-lo.
Eis polo que nom ocultamos o nosso povo a grave situaçom que atravesssamos, as negras perspetivas que se albiscam no horizonte, os lentos mas efetivos planos de extermínio que Espanha tem traçado.
Mas contrariamente aos fraudulentos discursos, às falsas promessas das mal denominadas “novas forças ruturistas”, desses partidos foráneos que se instalam no País abduzindo organizaçons de matriz galega mutadas em meras comparsas madrilenas, nom acreditamos nas receitas da alternáncia do parlamentarismo burguês, nem na aritmética eleitoral do regime.
Nom somos contrários à luita institucional, nem a participar na frente eleitoral. Claro que nom! Temos vocaçom de contribuir em todos aqueles lugares onde se jogue com o futuro de nós mesmas, onde se decidam as condiçons de vida, o grau de liberdades e as conquistas sociais da gente deste País, onde se adotem decisons sobre todo o vinculado com a Galiza. Nom podia ser de outro jeito!
Porém, seguindo um dos principais legados do dirigente independentista que hoje nos convoca aqui e agora, a auto-organizaçom nacional é um princípio indiscutível, inegociável. Nesta questom Agora Galiza é intransigente.
Os povos libertam-se com forças próprias. As maiorias sociais emancipamo-nos quando de forma organizada e com consciência do que queremos, luitamos por atingir os direitos sociais, as liberdades e a independência.
A história universal e a nossa própria história nacional tem dado dúzias de leiçons sobre os erros cometidos por muitos povos como o nosso, acreditando nas promessas e nos cantos de sereia foráneos, depositando expetativas na ajuda externa, confiando na vitória de forças alheias como determinante para a nossa própria vitória.
Somos nós, abert@s a toda a solidariedade que nos ofertem outros povos, mas somos exclusivamente nós, quem temos que construir a alternativa libertadora e emancipadora para assegurar a pervivência da Naçom galega e um futuro de benestar, justiça e liberdades para o povo galego.
Confiamos nas imensas potencialidades da Galiza e d@s habitantes desta casa comum que forjamos ao longo da história, para abordar sem ingerências nem tutelagens, -tal como Moncho nos ensinou!, o nosso futuro.
A única forma de abandonar o pesadelo neoliberal imposto por Zapatero, Rajói, Ángela Merkel, Tourinho e Feijó, a única forma de superar os ditames letais de memoranduns, resgates e condiçons da Europa dos banqueiros, dos especuladores e das multinacionais, a única forma de safar das condenas a morte da Espanha do Ibex 35 e da sua casta corrupta, a única forma de solucionar o desemprego e a emigraçom, de deixar atrás os salários e as pensions de miséria, de finalizar com os despejos, de termos umha sanidade, umha educaçom gratuíta, universal e transformadora, umha igualdade real de género, é mediante a recuperaçom da nossa soberania e independência nacional.
Sem direito real a decidir e tomar decisons do que queremos ser e de como queremos construir o País nom é viável aplicar programas de progresso social.
Companheiras, e companheiros: Nom se podem aplicar políticas anticapitalistas e feministas no capitalismo!!
Nom se podem implementar políticas de construçom nacional no quadro da opressom espanhola!!
A soberania nacional é incompatível com o capitalismo.
Só o Socialismo garante a Soberania. Mas sem Soberania nom se pode construir o Socialismo. A equaçom é diáfana!!
Sem soberania nacional galega nengumha das medidas programáticas, das promessas e profecias mesiánicas de Podemos e dos seus aliados autótones, nom se poderám implementar.
Nom queremos que nos concedam direitos desde Madrid e Bruxelas, queremos ser nós quem os conquistemos e decidamos aplicá-los no nosso País.
A recente leiçom grega da traiçom da Syriza voltou a constatar o curto percurso da via eleitoral para transformar umha sociedade.
Nem as direçons das forças de “esquerda radical”, com muitas aspas, que logram vitórias nas urnas tenhem a coragem de aplicar os programas com as que os seus povos as apoiárom, nem a ditadura burguesa e os organismos internacionais do capitalismo permitem semelhante desafio sem umha confrontaçom aberta, apoiada na organizaçom popular e na movimentaçom social.
Gerir as instituiçons burguesas é umha cousa e governar outra. Sem povo organizado e consciente, ativo e vigilante os votos som como um gigante com pés de barro.
Afirmava que nom queremos enganar o noso povo. É por isso que sem descartarmos participar em processos eleitorais, nom adoramos nem convertemos as urnas no fetiche que provocou a desmobilizaçom e o refluxo do vigoroso movimento social que nos últimos anos convocou exitosas greves gerais, ocupou as ruas em defesa do ensino e a sanidade pública, em prol da nossa língua, dos nossos setores produtivos, contra o expólio energético e mineiro …
Da esquerda independentista, socialista e feminista que Agora Galiza representa, defendemos que é imprescindível dar passos adiante com visom estratégica, superando as inércias do curtoprazismo eleitoral, apostando em construir um espaço amplo e plural sem mais condicionantes que a defesa da soberania e a independência nacional galega da esquerda, entre todas as forças, organizaçons, partidos, coletivos políticos e sociais, e pessoas sem adscriçom.
O futuro da Galiza nom se decidirá na bancada das Cortes espanholas nem no parlamentinho do Hórreo, o nosso futuro será decidido nas ruas, nos bairros e nos centros de trabalho e ensino.
O futuro da Galiza nom é possível com reformas, com liposuçons e maquilhagens constitucionais do fedorento e corrupto regime espanhol.
Nem queremos reforma da constituiçom espanhola do 78, nem umha nova transiçom, queremos umha Galiza soberana com justiça social.
A liberdade e os direitos conquistam-se. Os que nos fôrom arrebatando progressivamente nos últimos anos tinham sido atingidos com o suor e as lágrimas das nossas maes e avôs. Nom foram concedidos de forma gratuíta.
Nom podemos seguir adiando a construçom de contrapoder na rua, de recuperar a hegemonia nos movimentos sociais por parte das organizaçons galegas.
Moncho Reboiras foi um dos principais artífices na estratégia de deslocar o espanholismo na direçom do movimento obreiro, estudantil, cultural, vezinhal, juvenil … e 40 anos depois temos novamente este repto.
Moncho Reboiras nom duvidou em confrontar o autoritarismo franquista com firmeza e determinaçom. 40 anos depois da sua eliminaçom física a atual legislaçom espanhola é tam repressiva como a fascista. A Lei mordaça e as permanentes reformas do Código Penal perseguem atemorizar e intimidar os que luitamos para que o povo trabalhador nom se manifeste nem proteste.
Temos que tecer cumplicidades, otimizar tantos recursos e energias dispersas, avançar na configuraçom de um amplo e plural espaço de debate, confluência e intervençom entre toda a esquerda soberanista galega para assim quebrar as tendências sucursalistas impostas pola esquerda jacobinista sediada em Madrid, para podermos voltar a esperançar a nossa gente, tanto ativista da Galiza desencantado e atrair a juventude.
Promover um Pólo Patriótico rupturista deve ser o seguinte passo na reconfiguraçom integral do campo da esquerda patriótica que permita dotar a Galiza, a classe trabalhadora, o povo empobrecido, a juventude e as mulheres, da imprescindível ferramenta unitária com um programa independentista, socialista e feminista. É necessário coragem e generosidade para abrir este processo. Nós temo-la!
Moncho Reboiras nom foi nem é umha estrela fugaz. Segue vivo entre a Galiza que nom capitula nem se rende!
Sentou as bases e os objetivos estratégicos que compartilha Agora Galiza com outras forças e dezenas de milhares de galegas e galegos. O nosso futuro está fora do capitalismo e de Espanha.
Mas este percorrido a dia de hoje deve ser feito conjuntamente, de forma coletiva e unitária entre toda a Galiza que compartilhamos com matizes, mas que compartilhamos ao fime ao cabo, o que Moncho e a sua geraçom nos transmitírom com factos tangíveis e com luitas que ainda alumeiam.
O complexo e turbulento período sobre o que agimos vai-se agudizar em pouco mais de mês e meio como consequência da determinaçom catalana de dotar-se de um estado soberano. Galiza nom pode ficar à margem deste desafio. Nom queremos sermos neutrais nem imparciais. Eis polo que é necessário reforçarmos organicamente a esquerda independentista com vocaçom de seduzir e contagiar o nosso povo na fê de vencer.
Neste 12 de agosto, numha data simbolicamente tam destacada no calendário da Galiza rebelde e combativa, a militáncia de Agora Galiza manifestamos a nossa firme determinaçom de continuar até a vitória com o legado e os sonhos polos que morreu luitando Moncho Reboiras. Dependerá de nós conquistá-los!
Antes mort@s que escrav@s!
Viva Moncho Reboiras!
Viva Galiza ceive!
Viva Galiza socialista!
Viva Galiza feminista!
→ Descarrega a biografia de Moncho Reborias [PDF].
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