INTERVENÇOM DE CARLOS MORAIS NO ATO POLÍTICO DO DIA DA PÁTRIA

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INTERVENÇOM DE CARLOS MORAIS NO ATO POLÍTICO DO DIA DA PÁTRIA

(Divulgamos discurso do camarada Carlos Morais no ato político convocado por Agora Galiza neste 25 de Julho, na praça 8 de Março, de Compostela.)

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Por segundo ano consecutivo tenho a honra de intervir no Dia da Pátria convocado por Agora Galiza. Vou ser breve, mas muito claro!

Agora Galiza é a expressom organizativa de umha corrente sociopolítica cujas origens emamam das três derrotas concatenadas, padecidas nas últimas décadas, pola classe obreira e o conjunto do povo trabalhador.

Somos o resultado de três reveses consecutivos de caráter catastrófico, sem os quais nom é possível compreendermos a atual fase de refluxo e carência de perspetivas de vitória, que define a luita de classes que se desenvolve no nosso país e a escala internacional.

Fase de retrocesso e desmobilizaçom, de desarme ideológico, de abandono do imaginário simbólico, de incapacidade política para construir ferramentas de combate e defesa.

Derrota perante o fascismo em 1936. Na Galiza, no fatídico verao de há agora exatamente 82 anos, venceu o golpe militar promovido pola oligarquia e a Igreja católica com apoio das democracias liberais europeias. A causa da derrota foi a inaniçom e timoratismo das autoridades pequeno-burguesas republicanas, negando-se armar o proletariado e campesinhado por temor a que tomasse o poder. Com a queda da cidade de Tui no sul-ocidente, e da Gudinha no sul-oriente, a 27 de julho de 1936 Franco apodera-se da nossa naçom, dando início ao holocausto que eliminou fisicamente, ou forçou ao exílio, o melhor da nosa classe e do nosso povo.

A capitulaçom do reformismo perante a maquilhagem do franquismo na segunda metade da década de setenta, legitimando a monarquia bourbónica como pedra angular do novo regime, foi a segunda derrota que permite explicar boa parte dos acontecimentos em curso.

A definitiva implosom em 1991 da Uniom Soviética e simultánea vitória do imperialismo a escala mundial, foi a terceira severa grande derrota.

O triunfo do capitalismo na sua forma neoliberal, e o mundo unipolar da guerra permanente contra os povos, as mulheres e a classe trabalhadora, acelerou e radicalizou a ofensiva da burguesia contra os direitos, as conquistas e as liberdades, atingidas pola classe obreira em décadas de suor, sangue e lágrimas.

Obviar os letais efeitos das três derrotas consecutivas só nos conduz à derrota final.

E a pesudoesquerda institucional, tanto a espanhola como a autótone, praticam autismo político, pretendem agir com essa irresponsabilidade da mal denominada “normalidade institucional”.

Aparentam desconhecer essa realidade paralela onde som adotadas as decisons que afetam todo o referente às nossas vidas: os conselhos de administraçom, os jantares em reservados de luxo, os clubes secretos, as salas de bandeiras dos quartéis, as embaixadas das potências.

Decisons, que em forma de decretos-lei e resoluçons, som imediatamente implementadas polas cloacas, tanto as institucionais, como as opacas e ocultas.

Nom nos estranha, pois só pretendem situar as suas elites nos limitados espaços de gestom que lhe concede o sistema.

Na esquerda revolucionária galega estamos plenamente conscientes que nas três derrotas mencionadas, e na prática legalista e sistémica da mal chamada esquerda política e social, radicam as causas que facilitam a involuçom política que vivemos.

Camaradas, companheiras e companheiros: o panorama, nom o podemos negar, é dessolador.

Negá-lo, subestimá-lo ou coloreá-lo, é contrarevolucionário! Só contribui para impossibilitar encontrarmos os caminhos que facilitem criar as condiçons subjetivas que permitam a reorganizaçom, reconstruçom e rearme político e ideológico, sem o qual nom é possível superarmos o estado de amorfismo e disgregaçom do povo trabalhador e empobrecido da Galiza.

Nom nos podemos resignar a vivermos como escravos, nem a que nos roubem o nosso futuro e o das geraçons vindouras!

Todo o contrário, temos o dever e a necessidade de promovermos umha açom teórico-prática de insubmissom, de inconformismo e de rebeldia! Que ninguém se confunda. Nom arriamos as bandeiras, nom procuramos acomodo nem nos aggiornamos!!

A teoria marxista que nos guia, sempre em relaçom dialética com a experiência da luita de classes a escala global, esse fio vermelho condutor do que devemos apreender, tem-nos ensinando que nom existem atalhos.

A saída e as alternativas à perda permanente de direitos e liberdades, nom se acha em urnas e aritméticas parlamentares, em referendos e movimentos transversais interclassistas e pacifistas, incapaces de quebrar com o supersticioso respeito com a lógica liberal.

A saída nom a vamos encontrar na gestom das instituiçons do inimigo.

Tampouco a vamos encontrar em articular anémicos e desnutridos espaços de convergência de todas as expressons da nova socialdemocracia, do eurocomunismo e das diversas metafísicas post, tampouco em agir de satélites do reformismo autótone, circunflexo e incapaz de superar o minimalismo acomplexado do soberanismo de fim de semana.

A conquista do futuro passa pola tomada do poder. E este só se logra empregando, utilizando, ensaiando as vias que conduzirom aos avanços e saltos qualitativos da humanidade explorada e oprimida ao longo da história. Nada temos que inventar. Só necessitamos manter o rumo, agir com criatividade e firmeza ideológica.

Seguir transmitindo que é viável reformar este regime, que é possível regenerá-lo e democratizá-lo, é o melhor favor que lhe podemos fazer à oligarquia criminal, à máfia burguesa e aos seus testaferros políticos.

Identificar e reduzir o inimigo à organizaçom criminal denominada PP, é simplesmente enganar o povo trabalhador.

Gerar expetativas entre a classe obreira no governo de Pedro Sánchez é umha monumental estafa.

Gerar ilusons no governo do PSOE é continuar receitando analgésicos que só paliam momentaneamente a dor, mas nom permitem a cura.

Nestes dous meses de governo postPP, o PSOE deixou bem claro que é umha das colunas medulares do postfranquismo. Mais alá da retórica, dos gestos, do estilo, é um governo ao serviço do Ibex 35, da UE do Capital, do FMI, e pregado ao imperialismo ianque.

Pedro Sánchez submeteu-se perante Trump, comprometendo-se aumentar os gastos militares!

Pedro Sánchez pregou-se perante a oligarquia nom publicando a lista da amnistia fiscal!

Pedro Sánchez pregou-se perante o filho do caçador de elefantes, impossibilitando investigar um segredo a vozes. A fortuna dos Bourbons é resultado da depredadora praxe comisionista do conhecido cliente de lupanares de luxo.

Que importa que o número de ricas no conselho de ministros seja maior que o número de ricos?

Que importa a orientaçom sexual do novo chefe do aparelho da repressom?

A realidade é que Borrell colocou de embaixadores toda a equipa do Ministério de Assuntos Exteriores do PP, e que o PSOE vai proseguir com a política chauvinista e supremacista que só procura a plena assimilaçom da Galiza e das naçons oprimidas, porque aqui radica a chave da exploraçom e dominaçom capitalista no Estado espanhol.

Mas nada do que está acontecendo surpreende a esquerda socialista, feminista e patriótica galega.

Eis polo que denunciamos o grave erro de ter anulado a greve geral que o sindicalismo galego tinha convocada para 19 de junho.

Eis polo que nom confiamos o mais mínimo, nem damos margem algum a um governo que só vai aumentar a resignaçom, desencanto e frustraçom, ingredientes imprescindíveis para agir de caldo de cultivo do fascismo.

Sim, camaradas, companheiras e companheiros, amigas e amigos, o plano B que maneja o bloco de classes dominante espanhol é umha involuiçom reacionária, umha saída autoritária do regime perante a sua falta de legitimidade e a multicrise que o carcome.

Um novo tipo de fascismo que assegure a unidade territorial do mercado chamado Espanha, e discipline com maior rigor a força de trabalho.

A bandeira e o imaginário do nacionalismo espanhol é elemento destacado desta estratégia em que a Coroa é o eixo central.

Eis polo que a disjuntiva PP ou PSOE é um engano!, eis polo que converger com alternativas socialdemocratas 2.0, ou com forças pseudosoberanistas bem instaladas nas prebendas do sistema, está descartado por Agora Galiza.
Nom temos cordom umbilical com ninguém nem estamos dispostos a ser satélites de ninguém.

Somos umha força socialista e independentista, umha força que leva impregando no seu ADN a emancipaçom da mulher, nom como moda nem como elemento decorativo.

Queremos derruvar o regime de 78, construir na Galiza umha sociedade socialista de mulheres e homens livres e emancipados, um país sem machismo nem patriarcado, solidário com todos os povos do mundo.

É isto só é possível luitando em todos os ámbitos. No plano ideológico, no político, no social, no cultural e no simbólico.

Confrontar, deslindar, organizar e acumular som os nossos eixos. Poderemos demorar anos ou décadas, mas estamos convencidos que este é o único caminho.

Quem com sinceridade e honestidade esteja disposto a construir um espaço de luita visado para dar xaque ao regime de 78, levantando umha muralha antifascista, nom para defender a democracia liberal burguesa e sim a alternativa da República Socialista Galega, sabe que estamos prontos para contribuir a dar-lhe forma e conteúdo.

A ameaça laranja, a viragem de extrema-direita do PP, os desacomplexados e descarados movimentos táticos do franquismo hegemónico no aparelho judicial, do falangismo que domina o relato dos meios de [des]informaçom burgueses, das forças repressivas, da administraçom, do exército, é umha realidade incontestável.

Olhar para o lado, como se nada passasse, é umha irresponsabilidade que já pagamos muito cara na década dos anos trinta e quarenta.

Neste Dia da Pátria de 2018, com a imprescindível solenidade que a causa require, mas com toda a modéstia e humildade revolucionária, apelamos para sentar as bases para levantar um bloco popular antifascista, dotado de um programa anticapitalista e anti-imperialista.

Até a vitória sempre!
Viva Galiza ceive!
Viva Galiza feminista!
Viva Galiza Socialista!
Viva a Revoluçom Galega!