No 89 aniversário da proclamaçom da 1ª República galega publicamos texto “Os novos símbolos da nova galiza”

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27 de junho, 89 aniversário da proclamaçom da 1ª República galega

ANTIFASCISTA E OBREIRA

Na publicaçom antifascista “Nova Galiza”, dirigida por Rafael Dieste e publicada em Barcelona [Catalunha] entre 1937 e 1938, Castelao publica o texto “Os novos símbolos da nova Galiza”.

No texto editado no nº 6 da revista, de 1 de julho de 1937, o patriota galego apresenta o novo escudo nacional da Galiza. Um emblema popularmente conhecido hoje como “A Sereia”, de claro caráter laico e antifascista.

Eis o escudo do futuro Estado Galego.

OS NOVOS SÍMBOLOS DA NOVA GALIZA

[…]

O escudo tradicional deve trocar-se por outro. Seríamos parvos se acreditassemos que pode subsistir depois da guerra o escudo tradicional da Galiza com o seu emblema eucarístico, pois ainda que lhe atribuíssemos umha altíssima significaçom poética, identificando-o com o Santo Grial, nom seria respeitado polos supervivintes galegos depois do sacrílego proceder da Igreja católica no nosso país. Acatemos, pois, a realidade e criemos um novo escudo.

O debuxo que acompanha estas linhas pode aforrar toda explicaçom; mas nom estará de mais umha defesa antecipada deste projeto.

O emblema comunista -fouce e martelo cruzados- que representa a uniom dos obreiros e camponeses atrai a nossa atençom, porque quigeramos dar com um símbolo igualmente afortunado que represente a uniom dos labregos e marinheiros da Galiza.

Cruzar umha fouce cumha âncora? Seria um plágio desafortunado. Também se poderiam cruzar dous frutos do trabalho galego. Um peixe e umha espiga? Resulta antiartístico. Seria perferível recurrir aos emblemas tradicionais que lembrassem a grandeza espiritual ou social da Galiza.

Figem provas para combinar a estrela com umha concha e além de nom deixar-me satisfeito resultava umha rememoraçom das peregrinagens jacobeas e nom umha lembrança da nossa universalidade.

Se os nacionalistas alemans -por considerarem-se ários- nom roubáram para si a “ikurrinha” basca teríamos nós um emblema genuinamente galego: a esvástica de três braços curvos encerrados num círculo, ou trisquel, que representaria o sol -pai de toda fecundidade-.

A esvástica dos alemans, com os braços dobrados em ángulo reto, já nom é ária, senom adataçom dum velho emblema cruziforme ao cristianismo.

Na Europa só os bascos tinham direito a usar este símbolo -por ser tardicional no País Basco- e usaro-no muito antes que os alemans como distintivo nacionalista. A esvástica galega, que tam arreio aparece na época castreja e que por tanto celta, seria um magnífico emblema nacional para a Galiza. Os alemans roubárom a “ikurrinha” basca e figérom impossível o trisquel galaico.

Nom nos ficava mais que a fouce de ouro sobre um fundo azul e a estrela vermelha, como emblemas do Trabalho e da Liberdade. Ourelando o escudo cumpria deixar patente o martírio da Galiza. E a sereia que pertence à heráldica galega, como símbolo marinho que fale do engado atlântico, origem das nossas aventuras.

Nada mais. E perdoade-me que aborde este tema com tanta antecipaçom. Quiçás seja esquecer as angústias presentes”.