Comunicado nº 158: 8 de Março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora. AS TRABALHADORAS DEVEMOS PROTAGONIZAR A NOSSA EMANCIPAÇOM

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As origens do 8 de Março nom emanam das “sufragistas” burguesas. 8 de Março nom é o “dia das mulheres”, nem o “dia da mulher”, é o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora.

As suas origens derivam da luita das mulheres bolcheviques. Foi adotado em 1910 em Copenhaga, na II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas. Está indissoluvelmente ligado a Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo, Alexandra Kollontai, Nadezhda Krupskaya, Inessa Armand, todas elas pioneiras no impulso desta data fundamental no calendário reivindicativo contra o capitalismo.

8 de Março é umha jornada reivindicativa e de luita, onde nom se pode deslindar o combate pola emancipaçom das trabalhadoras da luita anticapitalista.

A atual adulteraçom da efeméride fai parte da desvirtuaçom e fagocitaçom que o pensamento burguês imprime nas luitas, para impossibilitar as transformaçons revolucionárias.

Tampouco os seus objetivos podem ser circunscritos ao que brilhantemente denunciou há mais de cem anos a primeira mulher ministra da História, Alexandra Kollontai. “Qual é o objetivo das feministas burguesas? Conseguir as mesmas vantagens, o mesmo poder, os mesmos direitos na sociedade capitalista que possuem agora os seus maridos, pais e irmaos.

Qual é o objetivo das operárias socialistas? Abolir todo tipo de privilêgios que derivem do nascimiento ou da riqueza. À mulher obreira é-lhe indiferente se o seu patrom é homem ou mulher”.

Foi precisamente a Revoluçom Bolchevique de 1917, quem após a tomada do poder implementou políticas visadas para atingir plenos direitos e liberdades para as mulheres trabalhadoras, suprimindo a legislaçom que os negava. Direitos que formalmente na atualidade estám contemplados no Estado espanhol, mas que na realidade nom passam de umha quimera na vida diária da imensa maioria das mulheres trabalhadoras que vendem a sua força de Trabalho.

Foi durante a Revoluçom Bolchevique quando se conquistou iguais jornadas laborais e salário entre trabalhadoras e trabalhadores. Quando se logra o direito de sufrágio, quando se mudam as relaçons sociais e de género, aprovando o aborto e o divórcio. Quando é abolida a ilegitimidade dos filhos, suprimindo disposiçons penais contra o incesto, o adultério e a homossexualidade.

Som aprovadas um conjunto de leis de proteçom da maternidade e da infância, instituindo a educaçom mista nas escolas. Por meio da nova legalidade revolucionária assistimos pois à via jurídica do início do processo de destruiçom do poder patriarcal

A conquista de benefícios sociais mediante salários de maternidade, jardins de infância, comedores, lavandarias, fogares para as crianças, possibilitárom um salto de gigante na emancipaçom real das trabalhadoras.

Do Primeiro Congresso Panrusso de Mulheres Trabalhadoras, de 1919 nasce o Zhenotdel [Departamento da Mulher], o primeiro organismo público estatal dedicado a promover a participaçom das mulheres na vida pública, projetos sociais como a erradicaçom do analfabetismo feminino. Fôrom criados os alicerces para o surgimento da mulher nova, livre e emancipada.

FEMINISMO FUNCIONAL PARA O CAPITALISMO

A apropriaçom polo capitalismo da reivindicaçom de “igualdade de direitos”, contrariamente à percepçom generalizada de que tem sido um grande passo pola libertaçom “das mulheres”, também tem sido letal para acumular forças rebeldes. Pois o único horizonte possível onde poderemos atingir como trabalhadoras a nossa plena e real emancipaçom é o Socialismo.

Eis polo que o seu discurso é divulgado polos meios de [des]informaçom sistémicos “progres”, perfeitamente conhecedores da sua funcionalidade para amortecer a contradiçom antagónica entre Capital-Trabalho.

O feminismo liberal e burguês, atualmente hegemónico no seio das organizaçons de mulheres, tem sido, e é, plenamente funcional para reforçar o amorfismo, o marasmo e a fragmentaçom nas luitas operárias e populares. Introduzindo o vetor da contradiçom de “género” completamente desligado da contradiçom Capital-Trabalho, só contribui para esterilizar as luitas.

Gerando a falsa ilusom da existência de interesses comuns entre o conjunto das mulheres, nega no seu acionar teórico-prático a contradiçom antagónica de classe.

Para este feminismo, existem similares interesses como mulheres entre Ana Botín -presidenta do Banco Santander-, e o proletariado feminino dumha conserveira da ria de Arouça, dumha operária têxtil do empório da família Ortega, ou dumha trabalhadora da limpeza.

O seu relato incide na contradiçom de género desligada da de classe, elaborando umha ilusom carente de qualquer fundamento: acreditar que o feminismo é em si mesmo umha alternativa emancipadora. Substituindo a luita de classes pola de género, nom só dividem a classe trabalhadora, quebram o potencial revolucionário anticapitalista do proletariado como classe social, objetivamente interessada em acabar com a exploraçom e dominaçom a que nos vemos submetidas como mulheres e homens.

Transformando os “homens” em inimigos, tecendo umha política de alianças com as mulheres burguesas, que só procuram paridade nas instituiçons capitalistas, nos conselhos de administraçom das empresas, em todos aqueles espaços públicos e privados que simplesmente devem ser derrubados pola Revoluçom Galega. Revoluçom que deve ser de caráter socialista, antipatriarcal e de libertaçom nacional.

O feminsimo burguês desvia a atençom, fende a comum luita entre mulheres e homens trabalhadores. Paradoxalmente a sua cosmovisom é altamente eficaz para perpetuar este sistema patriarcal. Razom pola que boa parte do seu programa é assumido polas forças políticas sistémicas, tanto as social-liberais como as social-democratas, pois nom tem como objetivo dar xaque mate ao capitalismo.

A esquerda revolucionária galega tem sido pioneira na luita pola específica marginalizaçom, opressom e dominaçom que padecem as mulheres trabalhadoras no capitalismo. Quando praticamente ninguém assumia esta luita, nós mantinhamos com firmeza a necessidade de introduzir a reivindicaçom antipatriarcal nas luitas operárias e populares.

POR UM MOVIMENTO CLASSISTA DE MULHERES TRABALHADORAS CONTRA O CAPITAL E O PATRIARCADO

Frente ao politicamente correto e inofensivo discurso “feminista” do pensamento progressista, é imprescindível sentar as bases para construir um movimento de trabalhadoras, de estudantes e jovens de extraçom operária e popular, que o desmascare mediante a luita ideológica e umha coerente açom teórico-prática.

Só mediante a mobilizaçom, só empregando todo tipo de mecanismos e métodos de luita, se pode lograr avançar na conquista de direitos laborais e sociais realmente inexistentes.

Cumpre combater com contundência a falsa ilusom de acreditar na viabilidade de construirmos umha sociedade igualitária de mulheres e homens na sociedade capitalista.

Só avançaremos na nossa emancipaçom deslindando a luita das mulheres trabalhadoras daquelas mulheres da aristocracia operária e da pequena burguesia funcionarial.

Somos nós, as mulheres do poivo trabalhador galego quem padecemos nas nossas carnes a exploraçom do Capìtal, as taxas mais elevadas de desemprego, de precariedade laboral, as que recebemos um salário mui inferior realizando idêntico trabalho que os homens, as que devemos realizar umha dupla ou tripla jornada laboral assumindo as tarefas do cuidado e manutençom das nossas famílias, as que nom podemos exercer plenamente os direitos sexuais e reprodutivos, as liberdades, as que sofremos a violência machista.

O género nom define a luita pola emancipaçom e a exploraçom capitalista. Porque as mulheres em abstrato nom somos um sujeito potencialmente revolucionário. É a classe, e portanto as mulheres trabalhadoras, o eixo e sujeito articulador do movimento pola plena emancipaçom das mulheres que vendem a sua força de Trabalho.

Corresponde às mulheres trabalhadoras dirigirmos o combate às contradiçons, ao machismo e ao patriarcado instalado no seio do conjunto do povo trabalhador e empobrecido, e nas suas organizaçons políticas e sociais.

Mas só umha sociedade superadora do capitalismo, umha sociedade Socialista, pode sentar as bases para erradicar o patriarcado das relaçons sociais, das mentalidades e das inércias de milhares de anos.

Nom apoiamos o feminismo pequeno-burguês e liberal-“progressista”, que reproduz acriticamente o discurso postmoderno tam do gosto do Capital, que convoca inofensivas “greves gerais” interclassistas, apoiadas polas mulheres da burguesia e da oligarquia, que só distrai as mulheres trabalhadoras da contradiçom principal, colaborando consciente ou inconscientemente com a desmobilizaçom, divisom e amorfismo no que está instalado o movimento operário.

Frente a este feminismo, as mulheres trabalhadoras que somos exploradas polas mulheres da burguesia, nas suas fábricas, nos seus centros de trabalho, nas tarefas domésticas das suas casas e mansions, temos que hastear a bandeira da emancipaçom de classe.

Viva a luita das mulheres trabalhadoras galegas!

Viva a luita pola emancipaçom das mulheres trabalhadoras galegas!

Na Pátria, 8 de março de 2021