Comunicado nº 108: 8 de Março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora. FEMINISMO DE CLASSE

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8 de Março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora

FEMINISMO DE CLASSE

“Qual é o objetivo das feministas burguesas? Conseguir as mesmas vantagens, o mesmo poder, os mesmos direitos na sociedade capitalista que possuem agora os seus maridos, pais e irmaos.

Qual é o objetivo das operárias socialistas? Abolir todo tipo de privilêgios que derivem do nascimiento ou da riqueza. A mulher obreira é-lhe indiferente se o seu patrom é homem ou mulher”.

[Alexandra Kollontai]

Este breve fragmento da sólida obra teórico-prática da dirigente bolchevique, que ocupou a primeiro ministério da mulher da história, sintetiza perfeitamente qual deve ser a linha e a orientaçom política na luita pola emancipaçom das mulheres trabalhadoras galegas.

Paradoxalmente o relato do feminismo hegemónico na Galiza, que oculta e nega a luita de classes, apresentando às mulheres como um todo com idênticos interesses objetivos, convertendo a “contradiçom” de género no seu eixo, nom questiona os alicerces da dominaçom burguesa.

O feminismo hegemónico, tanto o liberal-progressista como o pequeno-burguês, está esterilizado para encabeçar e dirigir umha mudança genuinamente revolucionária visada para superar a exploraçom, opressom e dominaçom que padece o conjunto do povo trabalhador galego.

Eis polo que boa parte do seu programa é assumido por as forças políticas sistémicas, tanto as social-liberais como as socialdemocratas, pois nom tem como objetivo dar xaque mate ao capitalismo.

Eis polo que o seu discurso é divulgado por umha parte dos meios de [des]informaçom sistémicos, perfeitamente conhecedores da sua funcionalidade para amortecer a contradiçom antagónica entre Capital-Trabalho.

Mas frente a este feminismo que desvia a atençom das tarefas e prioridades da classe trabalhadora, as mulheres que vendemos a nossa força de trabalho, as mulheres trabalhadoras que somos exploradas polas mulheres da burguesia, nas suas fábricas, nos seus centros de trabalho, nas tarefas domésticas das suas casas, temos que hastear a bandeira do feminismo de classe, do feminismo socialista galego.

Enquanto facilite a presença no movimento de forças reacionárias como o PSOE; enquanto se centre em tecer um artificial e disfuncional “unitarismo” oco; enquanto se continue a alimentar a ilusom de poder atingir as reivindicaçons no marco do capitalismo, o patriarcado e a dependência nacional, o movimento feminista nom logrará organizar e movimentar as mulheres trabalhadoras, divulgar as suas reivindicaçons específicas no ámbito salarial, direitos sexuais e reprodutivos, liberdades, combater com eficácia a violência machista, incrementar a sua consciência, e tingir de lilás o conjunto da luita operária, popular e nacional.

Enquanto o movimento feminista continue ocultando as origens do 8 de Março, enquanto siga desvirtuando os objetivos desta jornada reivindicativa, tal como foi instaurada polas mulheres bolcheviques em 1910, em Copenhaga, na II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, como Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, nom se produzirám mais avanços, nem se consolidarám os já atingidos.

Do contrário nunca lograremos acumular forças rebeldes visadas a organizar a Revoluçom Galega, única alternativa viável para sentar as bases do enterro do patriarcado e da sua aliança simbiótica com o capitalismo.

Agora Galiza-Unidade Popular quer lembrar neste 8 de Março Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo, Alexandra Kollontai, Nadezhda Krupskaya, Inessa Armand, pioneiras no impulso desta data fundamental no calendário reivindicativo contra o capitalismo.

Nom cansaremos de repetir que 8 de Março é umha jornada reivindicativa e de luita onde nom se pode deslindar luita feminista da luita anticapitalista. Eis polo que devemos denunciar a institucionalizaçom da data, a sua assimilaçom polo sistema capitalista e patriarcal.

Por um feminismo de classe e galego!

Viva a luita das mulheres trabalhadoras galegas!

Direçom Nacional de Agora Galiza-Unidade Popular

Na Pátria, 1 de março de 2019