Impossibilitemos o espólio colonial eólico
O projeto imperialista do bloco oligárquico espanhol sempre tem tratado a Galiza desde umha lógica colonial.
Somos umha simples regiom “periférica” de onde extrair matérias primas e mao de obra barata, onde instalar indústrias de enclave altamente contaminantes visadas para a transformaçom de matérias primas próprias ou procedentes de milhares de quilómetros, como a bauxita que vem do golfo de Guiné para produzir alumínio.
O franquismo aniquilou umha boa parte dos vales mais férteis e produtivos da Galiza, inçando o país dos mil rios de encoros para produzir energia elétrica. Um dos principais oligarcas que contribuírom económicamente para o triunfo do golpe fascista, Pedro Barrié de la Maza, dono de Fenosa e do Banco Pastor, acumulou umha imensa fortuna a custa de sementar desolaçom e miséria, provocando o êxodo maciço da populaçom que perdia as suas terras, o seu meio de subsistência.
Este modelo irracional e antipopular nom só continuou nas décadas do primeiro pós-franquismo. Atualmente somos umha das pilhas de Espanha, um país excedentário na produçom de energia elétrica. Mas paradoxalmente padecendo um dos preços da luz mais elevados do conjunto de Europa.
Galiza representa 5,8% da superficie estatal, mas temos 15% da potência eólica do conjunto do Estado espanhol.
Porém, o projeto imperialista espanhol continua castigando-nos. Nas últimas duas décadas umha parte considerável dos nossos montes tenhem-se inçado de autogeneradores de energia elétrica. Som mais de 4.000 presentes em 100 concelhos, de norte a sul, de leste a oeste.
A média de produçom eólica na Galiza é de 115 kW/km2, frente os 46 kw/ km2 do Estado espanhol, ou os 72 kW/km2 da Alemanha.
Sob a fraudulenta justificaçom da aposta na energia “renovável”, por promover energias “verdes”, o capitalismo pretende seguir sementado milhares de eólicos, destruíndo ecosistemas, património arqueológico e etnográfico, fazendo inviável viver no rural, esmagando as economias locais, provocando um brutal impacto paisagístico.
Em 2019, tanto o Governo autonómico como o espanhol, tramitárom conjuntamente à volta de 75 megaparques eólicos, aprovados pola via da urgência. Por se esta agressom nom fosse suficiente, o capitalismo espanhol e da UE pretendem duplicar a potência instalada até 2030, alargando as áreas de expansom eólica a parques naturais e áreas protegidas, vales, zonas húmidas, agras, primeiras linhas de costa e, inclusive, nas proximidades de grandes núcleos populacionais.
Pretendem construir 300 novos parques eólicos, converter a Galiza num imenso “bosque” de aéreogeneradores, alguns atingindo mais de 750 metros de altura.
Sementar miséria a custa de expoliar
As obscenas taxas de lucros que logram as multinacionais e grandes corporaçons nom revertem praticamente no país. Aqui só ficam migalhas, pois os benefícios fluem diretamente para a metrópole madrilena ou para outros países, onde estam instaladas as sedes fiscais de Iberdrola, Eurovento, Enel Green Power, Gás Natural Fenosa, EDP, Elecnor, Norvento … as principais empresas a quem o PP e o PSOE, como bons capatazes, estám entregando o controlo do território do país.
Deliberado plano estratégico implementado polos capatazes do Capital
A entrada forçosa da Galiza na Comunidade Económica Europeia em 1986, atual UE, supujo um demoledor golpe na estrutura económica do país, aniquilando o setor primário.
Mais de um quartel de milhom de galegos dedicados à agricultura e gandaria, perdérom o seu modo de vida, tendo que emigrar ou procurar emprego noutros setores.
O processo de despovoamento do mundo rural acelerou-se. Milhares de núcleos populacionais, de aldeias, fôrom abandonadas, e portanto o território ficou indefeso. Abrírom-se às portas à eucaliptizaçom maciça, aos planos depreadores das megaminas, construçom de novos encoros, entrega do território às grandes corporaçons capitalistas que só procuram lucro devastando a natureza e destruindo impunemente o nosso património.
O governo de Feijó, submisso e pregado aos interesses foráneos, age como o que é, um governinho de um protetorado, que legisla para favorecer os grandes oligopólios perjudicando os seus compatriotas.
Assim devemos interpretar a denominada “Lei galega de fomento da implantaçom de iniciativas empresariais”, adequadamente designada como “Lei de Depredaçom”, que permite agilizar a tramitaçom e posta em andamento dos novos projetos eólicos restringindo a participaçom popular e outorgando às empresas direitos de usurpaçom das terras.
Só a luita organizada e perserverante logrará reverté-los
Para salvar a serra da Groba, o Galinheiro, o Suído, o Jurês, o maciço central, a Cabreira, para evitar a desfeita acontecida em Castrelo do Minho, Belesar ou no Val do Límia, é necessário luitar. É fundamental conscientizar as Comunidades de Montes, a vizinhança envelhecida e empobrecida de amplas zonas rurais praticamente desabitadas, que entregar o património natural às empresas eólicas nom vai mitigar a sua depauperada situaçom, que cumpre legar o presente em condiçons para as futuras geraçons.
Os eólicos nom geram emprego nos territórios afetados, mais bem contribuirám para expulsar populaçom e inviabilizar iniciativas económicas vinculadas ao setor primário e ao turismo.
É umha tarefa dífícil pola ausência de auto-organizaçom popular, polo controlo que exercem as redes clientelares de dominaçom do PP, mas é necessário dar a batalha, apresentando alegaçons, denunciando o que pretendem fazer, e basicamente mobilizando.
A Lei 8/2009 de aproveitamento eólico da Galiza, o Plano Setorial Eólico de 1997 e modificado em 2001, a Lei 5/2017 de “Fomento da implantaçom de iniciativas empresariais”, devem ser inviavilizadas.
Nem Galiza nem o povo trabalhador galego está condenado ad infinitum a seguirmos submetidos ao rol asignado na divisom internacional do trabalho polo imperialismo.
Só a mobilizaçom popular, a luita firme e contundente, poderá frear e impossibilitar a instalaçom de novos eólicos, salvar o nosso território e desterrar este modelo de desenvolvImento obsoleto, insostível, de clara manufatura colonial.
Na Pátria, 8 de abril de 2021
Direçom Nacional de Agora Galiza-Unidade Popular