Avançar na unidade e alternativa obreira

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Avançar na unidade e alternativa obreira

O incremento dos produtos básicos de consumo alimentar, dos carburantes e da eletricidade, estám agravando a depauperaçom que padece umha cada vez maior parte do povo trabalhador.

Os monopólios e as multinacionais, a custa de sobre-explorar as imensas maiorias trabalhadoras e os povos periféricos, estám lucrando-se da multricrise estrutural que carateriza a actual fase do capitalismo crepuscular.

Nada novo nem alheio à lógica depredadora que carateriza o modo de produçom capitalista e que endurece nos períodos de crise sistémica.

A diferença qualitativa com outras etapas similares, é a dramática ausência de resistência obreira e popular, de luitas unitárias, massivas e combativas.

A desorganizaçom e amorfismo na que está instalada a nossa classe facilita este brutal saqueio exercido sem pudor pola oligarquia.

A claudicaçom da prática totalidade das antigas organizaçons de classe, reconvertidas em funcionais maquinárias eleitorais descafeinadas, dirigidas por castas parasitas, por desfigurados sindicatos obreiros transformados em apêndices da burguesia, dirigidos por burocracias que só aspiram a perpetuar os seus privilégios, tenhem conduzido a nossa classe a este cenário de resignaçom e descrédito nas perspetivas de frearmos as agressons mediante a luita organizada, e atingirmos vitórias.

As mobilizaçons convocadas polos “sindicatos” em defesa das pensions ou contra o aumento da fatura elétrica, só aparentam querer fazer, só movimentam as suas paróquias de liberados e militantes. Castas e camarilhas que vivem da marca “esquerda”, mas que na imensa maioria, nom padecem com o mesmo vigor nas suas condiçons materiais as consequências da ofensiva burguesa contra o povo trabalhador e empobrecido da Galiza.

Som mobilizaçons burocráticas, com umha clara intencionalidade eleitoral, visadas para desgastar politicamente o governo de turno. Completamente inofensivas e inúteis para os fins que demagogicamente afirmam perseguir. Servem para bem pouco. Carecem portanto de utilidade para o proletariado.

Este adverso cenário deriva do longo ciclo de refluxo, consequência das três derrotas estratégicas que condicionam a perda paulatina de direitos laborais e retrocessos nas liberdades democráticas.

1936, 1978 e 1991 som os três pontos de inflexom que condicionam o nosso presente. A superaçom destas três derrotas só será possível mediante umha rutura radical com os diversos reformismos. Sem deslindar mediante umha batalha de ideias de caráter pedagógico, desmascarando sem complexos a fraude oportunista do ilusionismo eleitoral, a política transversal e cidadanista, o pacificismo e o vírus do “politicamente correto”, seguiremos avançando face o lugar a que nos estám conduzindo os imensos aparelhos de dominaçom e manipulaçom da burguesia.

A luita de classes deve recuperar a centralidade discursiva na açom teórico-prática das forças e organizaçons obreiras. Há que depurar a narrativa identitária, interclassista e nacionalista da pequena burguesia, expurgar da agenda obreira o feminismo burguês e posmo. Só contaminam e desvirtuam qual é o comum denominador da aliança permanente e unidade de interesses do povo trabalhador e empobrecido. Analgésicos que minam a acumulaçom de forças para a emancipaçom coletiva do género humano.

Sem despreender-nos dos modismos impostos polos laboratórios ideológicos do inimigo, seguiremos hipotecados, confundidos, destinando em balde energias em causas legítimas, mas periféricas, que só contribuem para fragmentar e esterilizar o movimento popular.

As múltiplas rebeldias som parte intrínseca da melhor tradiçom bolchevique, som consubstancias aos objetivos da Revoluçom Socialista Galega. Devemos saber enssamblá-las dialeticamente em cada conjuntura concreta, afastadas de apriorismos e de leituras alheias ao marxismo.

A contradiçom Capital-Trabalho é o eixo medular, o fio condutor da História. Toda luita deve ser encardinada desde esta perspetiva.

As “esquerdinhas” no seu conjunto, mas também boa parte das organizaçons que se consideram “revolucionárias”, alimentam acriticamente o discurso da “diversidade”, do “pluralismo”, da “democracia” abstrata, das metafísicas pós, dos “interesses da gente”, que só contribuem para desviar energias, desorientar as novas geraçons militantes, despistar sobre quem é o inimigo, estarmos entretidos em batalhinhas inofensivas para o Capital.

Estamos na era do insubstancial, do frívolo, do trivial, do brilho da bijuteria e quinquilharia, dos atrativos discursos edulcorados e multicores, mas esvaziados de conteúdo e programa transformador. Se fosse um carro, comprariamos umha linda carroçaria, carente de motor.

Nom podemos continuar assim. É hora de denunciar sem complexos nem timoratismos a capitulaçom das “esquerdinhas”, desmontar o seu discurso fraudulento.

Mas basicamente, som horas de oferecer à classe obreira galega umha alternativa atrativa e crível. Cumpre avançar. Dar pasos tangíveis no reagrupamento obreiro porque é necessário edificar um sólido projeto político completamente alternativo ao presente, dotado de um programa revolucionário.

Isto exige basicamente firmeza nos princípios, flexibidade tática, generosidade e visom estratégica. Exige nutrir-se da única classe potencialmente revolucionária: o proletariado.

Reconstruir o partido comunista combatente, patriótico e revolucionário galego, é umha tarefa paralela à convergência em espaços de unidade de açom dos modestos destacamentos obreiros atualmente existentes.

Às portas do 50 aniversário do Março ferrolano, da greve do Setembro vermelho viguês, avançar nesta direçom é a melhor homenagem que lhe podemos fazer ao exemplo manifestado polo proletariado de 1972.