Comunicado nº 167: A ARMA SECRETA DO ÓDIO DE CLASSE

Padrão

Desmontando os mantras impostos no movimento operário e popular polos think tank burgueses

A ARMA SECRETA DO ÓDIO DE CLASSE

A organização é a arma dos oprimidos”. Falso. A organização é um instrumento indispensável, mas se fosse essa a nossa arma para vencer os opressores estávamos bem lixados. A arma dos oprimidos é o ódio aos opressores, e não há outra, nem nunca houve”. A arma do ódio de classe, Francisco Martins Rodrigues.

No Estado espanhol, o discurso reacionário dirigido com sanha contra diversos setores do povo trabalhador, é difundido continuamente nos diferentes meios de desinformaçom burgueses. Provocando que aumente a tendência de agressons a determinados coletivos, como a comunidade LGTBI ou os trabalhadores imigrantes. Agressons que, na maioria de casos, ficam impunes pola proteçom que as instituiçons do regime pósfranquista outorgam ao fascismo.

Perante esta grave situaçom, a maioria das organizaçons políticas, a prática totalidade dos partidos do arco parlamentar, as “esquerdinhas”, -inclusive as organizaçons da “extrema-esquerda” socialdemócrata de fachada “marxista”-, à hora de condenar este tipo de agressons despreciáveis, nom duvidam em qualificá-las de “delitos de ódio”, reproduzindo como papagaios o relato emanado nos laboratórios de ideias dos que hoje detentam o poder.

Seguindo a narrativa elaborada pola burguesia, e plasmada no Código Penal, coincidem na utilizaçom dumha linha discursiva na que se descarta o “ódio” de maneira abstracta , descrevendo-o como algo irracional e negativo.

Devemos analisar e interpetar a realidade detidamente, sempre sob o prisma da óptica de classe. Nom podemos repetir como ventríloquos o discurso dos donos do mundo, temos que desputar-lhe no campo das ideias a sua plena hegemonia. Isto exige elaboraçom teórica, mas basicamente coragem e valentia para nadar a contracorrente, conscientes que seremos criminalizados sem piedade pola sua maquinária de manipulaçom de massas.

Razom pola que devemos perguntar-nos: que tipo de ódio é o que fomenta a burguesia e as organizaçons fascistas? É um ódio geralizado? Contra que setores da populaçom vai dirigido? Quais som os interesses de classe que saem beneficiados quando se emprega este discurso?

Efetivamente, Vox é um partido que fomenta o ódio, mas o ódio contra os oprimidos e explorados, contra os pobres e desvalidos. Cumha clara finalidade: fragmentar-nos e confrontar-nos. Divide e vencerás!

Ódio contra os trabalhadores imigrantes para usá-los como mao de obra barata, ódio contra o coletivo LGTBI discriminando e criminalizando a sua orientaçom sexual, ódio contra as identidades nacionais dos diferentes povos oprimidos polo projeto supremacista espanhol, contra os movimentos soberanistas e de libertaçom nacional, utilizando o demagógico discurso chauvinista espanhol, contra os povos que nom se submetem aos diktados imperialistas e a sua desordem mundial.

O fascismo voxiano, como ferramenta funcional dos interesses da fraçom mais chauvinista e terrorista da oligarquia, alimenta e fomenta o ódio dos exploradores, dos ricos, para confundir a classe trabalhadora, para confrontá-la, aprofundando nas suas contradiçons, como estrategia visada para evitar que se organice, rebele e luite unida, como um só punho, contra os nossos verdadeiros inimigos

Mas o ódio é irracional, próprio de gente atrasada, que não sabe o que quer e para onde vai! O ódio não é digno de marxistas que lutam por um mundo melhor!

Este preconceito de que o ódio não é próprio de revolucionários esclarecidos tem vindo a minar o nosso campo e ninguém lhe dá luta. Temos que dizer que o ódio não tem que ser necessariamente irracional, e que o nosso ódio, porque esclarecido e consciente, ódio de classe, é mil vezes mais eficaz do que o ódio irracional de um indivíduo que se rebela isoladamente. Mas é ódio a única conclusão racional que se extrai de um conhecimento da sociedade actual. Se o sistema é irreformável, como já demonstrou mais de cem vezes de forma sangrenta, se os donos do sistema estão dispostos a tudo para prosseguir, porque é essa a sua natureza e não sabem nem podem agir de outra maneira, a única conclusão racional é trabalhar para derrubá-los pela força. E isso ninguém o fará se não for impelido pela arma do ódio de classe”.

Do mesmo jeito que a burguesia emprega o ódio para defender os seus privilégios de classe, o proletariado e o conjunto do povo trabalhador deve fomentá-lo também, mas com a finalidade contrária, assinalar os verdadeiros responsáveis da exploraçom, da miséria, da depauperaçom.

Como acertadamente afirma o revolucionário comunista português, Francisco Martins Rodrigues, o ódio de classe é um ódio racional, ao serviço dos interesses dos setores populares, umha ferramenta fundamental à hora de atingir consciência operária para enfrentarmos aos nossos inimigos, ao patronato, e os seus capatazes que dirigem os partidos burgueses.

Sem ódio de classe é impossível atingir conquistas concretas, frear agressons, articular luitas táticas imbricadas na estratégia de tombar o sistema capitalista, de acumular massa crítica para organizar a Revoluçom Socialsta Galega.

Se a oligarquia fomenta nos meios de desinformaçom o mais arrogante chauvinismo espanhol, um primário anticomunismo, o racismo subliminal, a criminalizaçom do antifascismo e do direito à rebeliom e autodefesa nas luitas e protestos operários e populares, é por que sabe que o ódio é fundamental para preservar os seus privilégios derivados da exploraçom e apropriaçom da maisvalia do povo trabalhador.

A finalidade da narrativa hiperbólica das forças fascistas e reacionárias, forma parte dumha deliberada estrategia inspirada na máxima goebbeliana de que ‘umha mentira repetida mil vezes converte-se em verdade’.

Procura dividir-nos, construindo ‘chivos expiatórios’ no imaginário coletivo dos setores menos conscientes do povo trabalhador e empobrecido, dificultando assim que podam identificar quem som os verdadeiros responsáveis pola sua miséria e exclusom social.

A oligarquia também se serve da claudicaçom política e ideológica das “esquerdinhas”, tanto das naçons oprimidas como da metrópole espanhola, quando fomentam o pacifismo mais exacerbado para adormecer o povo trabalhador, inoculando no seu seio o ilusionismo do jogo parlamentar burguês e o fetichismo da via institucional como o único caminho aceitável e possível.

Devemos retomar o espíritu revolucionário do marxismo, e isso passa necessáriamente por resgatar e fomentar a nossa principal arma, o ódio de classe. Sabemos que o caminho é longo e está cheio de muitas dificuldades, mas sem recuperarmos o projeto emancipador de Marx, Lenine e o Che, é impossível avançarmos.

Nom há hipótese de reconstruirmos a esquerda revolucionária galega, nem possibilidade de que o proletáriado e o conjunto do povo trabalhador poida organizar a Revoluçom Socialista, sem ódio de classe.

Na Pátria, 24 de outubro de 2021