1972. 50 aniversário. ORGULHO PROLETÁRIO

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No primeiro dia do novo ano, apresentamos a campanha anual de Agora Galiza-Unidade Popular, centrada no 50 aniversário das luitas obreiras de 1972.

Conhecer o passado do movimento obreiro galego é fundamental para contribuir a dotar ao proletariado e o conjunto do PTG, de ferramentas defensivas e ofensivas, de espaços de auto-organizaçom obreira, alicerçados na independência de classe, na confiança nas imensas potencialidades e capacidade da classe trabalhadora organizada, consciente e em luita polo que nos pertence.

Sem discurso, prática e orientaçom genuinamente obreira, seguiremos instalados na permanente derrota.

1972

50 aniversário

ORGULHO PROLETÁRIO

Em 1972 o proletariado galego demonstrou as imensas capacidades de luita que possuimos os trabalhadores quando mobilizados demandamos os nossos direitos.

Em 1972 a classe obreira galega remexeu os alicerces da ditadura. Constatou com factos tangíveis, as ilimitadas potencialidades revolucionárias dos que vendemos a nossa força de trabalho.

Manifestamos que mediante a luita organizada e unitária contra a ditadura do Capital adquirimos consciência.

1972 está gravado a sangue e lume como o ano no que a classe trabalhadora galega desperta, decide tomar as rédeas do seu destino, supera o medo paralisante, o derrotismo imposto polo terrorismo fascista, e passa à ofensiva.

FERROL, MARÇO DE 1972

Desde finais de 1971 o proletariado da fatoria de construçom naval Bazán de Ferrol estava em luita, solicitando um novo convénio coletivo e a readmissom dos trabalhadores despedidos.

Na manhá de 10 de março de 1972 a empresa impossibilitou a entrada nas instalaçons. Milhares de obreiros ocupárom as ruas solicitando a solidariedade do conjunto do povo trabalhador. O franquismo tentou esmagar o protesto mediante umha selvagem repressom. A Policia Armada [atual CNP] disparou contra a mobilizaçom obreira, causando a morte de dous trabalhadores, Amador Rei e Daniel Niebla, provocando várias dúzias de feridos de bala.

Declarado o estado de sítio, com buques de guerra apontando contra a cidade, os esbirros dos corpos repressivos detivérom perto de douscentos dirigentes e ativistas obreiros, sendo despedidos centos de trabalhadores. Dúzias passárom à clandestinidade ou optárom polo exílio.

Umha vaga solidária precorreu Galiza inteira. As principais fábricas de Vigo parárom e os trabalhadores manifestárom-se nas ruas em solidariedade com Ferrol. O estudantado também paralisou a Universidade e ocupou as ruas de Compostela. Toda Galiza com o Ferrol metalúrgico!

Eclodia assim o primeiro capítulo de um ciclo de luita encabeçado polo proletariado fabril.

Convergiam as reivindicaçons de melhoras salariais e laborais, com demandas antifascistas e democráticas, visadas para a queda da ditadura franquista.

VIGO, SETEMBRO DE 1972

Às mobilizaçons de março solidárias com Ferrol, cumpre destacar a greve de maio que paralisou a comarca viguesa em apoio às demandas de um novo e melhor convénio coletivo no emblemático estaleiro Barreras.

Mas foi o despedimento e sançons contra dirigentes obreiros pola direçom de Citroën, que demandavam melhoras na jornada laboral, o detonante da greve geral que durante quinze dias paralisou Vigo e a sua área de influência.

Entre o 9 e o 26 de setembro o paro geral na indústria, transporte e amplos setores económicos, desafiou o patronato e o franquismo, situando o proletariado e a luita de classes no centro do combate contra o fascismo, a forma de dominaçom e exploraçom que naquela altura adotava a ditadura do Capital.

O Setembro vermelho de 1972 constatou que a classe trabalhadora -principal alvo no golpe de estado do verao de 1936-, nom tinha sido esmagada. Umha nova geraçom obreira recolhia o testemunho do fio escarlata condutor da luita de classes.

Embora a greve se saldasse com centenares de detidos, torturados e presos, com milhares de trabalhadores despedidos, este conflito foi o ponto de inflexom da luita antifascista na Galiza.

A greve foi derrotada porque ainda nom estavam madurecidas as condiçons subjetivas para umha vitória proletária. A classe trabalhadora carecia naquele momento de umha poderosa organizaçom revolucionária, de um partido comunista combatente galego, que com umha prática consequente desputasse e erradicasse a hegemonia pactista e claudicante do PCE no movimento obreiro.

Porém, este segundo capítulo do emergente ciclo de luita, contribuiu para o agromar dumha nova geraçom militante obreira, que se dota de novas ferramentas organizativas, afastada do pactismo, abrindo umha nova fase ascendente na luita de classes e de libertaçom nacional.

Das entranhas do Vigo obreiro e metalúrgico emergérom figuras referenciais para a luita do nosso presente. Moncho Reboiras e Abelardo Collazo sintetizam o exemplo dumha geraçom heroica da que muito temos que apreender.

ATUALIDADE E VIGÊNCIA DE 1972

Março e Setembro de 1972 marca um antes e um depois na luita de classes. Som cinco as mais destacadas ensinanças que devemos extrair da experiência de 1972:

1º- A classe obreira, concretamente o proletariado, emerge como sujeito histórico definido, exercendo o rol de direçom da luita popular.

2º- Necessidade de praticar a democracia obreira mediante o assemblearismo, afastado do atual exercício meramente burocrático caraterístico dos sindicalismo amarelo e pactista.

3º- Combinaçom da luita económica com as reivindicaçons políticas.

4º- Transferir o conflito do interior das fábricas e centros de trabalho aos bairros obreiros e populares, ocupando as ruas como espaço essencial de luita e implicando a populaçom na luita.

5º- No caso da greve do setembro viguês, implementa-se a complementaçom das formas e métodos de luita, no que se pode considerar um ensaio espontáneo com rasgos insurrecionais.

A 50 anos desta epopeia, a nossa classe está instalada no amorfismo, resignada, desmobilizada e carente de representaçom política. Para superarmos a longa etapa de derrotas concatenadas que levamos décadas padecendo, é imprescindível reconstruirmos as ferramentas defensivas e de combate imprescindíveis para abandonar a fase de refluxo.

E aprofundar na imprescindível luita ideológica, deslindando com as “esquerdinhas” que promovem o cancro do cidadanismo e da transversalidade, o fraudulento e amórfico espaço do ilusionismo eleitoral, que negam a centralidade da luita de classes substituindo-a por “atrativas” modas das causas periféricas [género, identidade] fabricadas nos laboratórios burgueses, ou polo mais deleznável chauvinismo.

Março e setembro de 1972 ficárom gravados na memória coletiva de geraçons do povo trabalhador galego. Mas cumpre ativar o espírito adormecido desta gesta, resgatar do esquecimento a memória histórica proletária, divulgar a atualidade do seu exemplo.

50 anos depois seguimos luitando por similares reivindicaçons. Por melhores condiçons salariais e direitos laborais, contra a exploraçom que padecemos, contra a pobreza e depauperaçom, contra a ameaça do fascismo. Mas também contra as patranhas e enganos dos que só se lembram de nós para depositar o voto nas urnas para posteriormente incumprir as suas promessas.

Som horas de organizar-se, de formar-se e preparar-se para participar ativamente com vocaçom hegemónica nas batalhas polo pam, a justiça e a liberdade. De recuperarmos o orgulho de pertencer ao proletariado. De avançar na acumulaçom de forças que desputem a preeminência burguesa e procurem a toma do poder pola classe trabalhadora. O capitalismo é irreformável. Nom existem atalhos nem servem os remendos. A Revoluçom Socialista Galega é a única alternativa!

Para lográ-lo é imprescindível construir um partido comunista combatente, patriótico e revolucionário galego, e dotar o conjunto do povo trabalhador galego de espaços genuinamente obreiros em todos os ámbitos sociais, alicerçados na independência de classe.

Agora Galiza-Unidade Popular, como modesto destacamento de vanguarda, tem plena disponibilidade para contribuir ao êxito deste objetivo, sem o qual as explosons sociais e revoltas que se ham de produzir, nunca lograrám transitar da indignaçom à rebeliom.

Só a classe obreira salva a classe obreira!

Independência e Pátria Socialista!

Galiza, janeiro de 2022