Comunicado nº 163. SANTRICH VIVIRÁ ETERNAMENTE NO CORAÇOM INSURGENTE DOS POVOS

Padrão

SANTRICH VIVIRÁ ETERNAMENTE NO CORAÇOM INSURGENTE DOS POVOS

Com profunda dor, informamos ao povo trabalhador e empobrecido da Galiza, da triste notícia da morte do camarada Jesús Santrich.

Foi abatido quando percorria o seu amado território da mágica serrania do Perijá, entre árvores colossais, palmas, fentos, pumas, cóndores, vagalumes e colibris multicores, sempre traçando horizontes de liberdade e justiça social.

Comandos do regime narcoterrorista colombiano, violando a soberania nacional da Venezuela, seguindo instruçons da “Casa Branca”, emboscárom e executárom 17 de maio um dos mais destacados dirigentes da insurgência comunista colombiana e da Pátria Grande latino-americana e caribenha.

Desde a naçom de Rosalia de Castro, Benigno Álvarez, Henrique Líster e Moncho Reboiras, transmitimos ao povo trabalhador colombiano, que leva semanas nas ruas confrontando o regime oligárquico, as condolências da esquerda revolucionária galega.

O nosso mais sincero pésame aos seus camaradas de armas, aos familiares e amizades, ao conjunto das organizaçons revolucionárias colombianas por esta perda irreparável.

Nom som horas de lágrimas, nem de abatimento, som horas de combate. A melhor homenagem ao comandante guerrilheiro do Exército Popular de Marulanda, Jacobo Arenas e Alfonso Cano, ao brilhante pensador e teórico marxista, ao investigador e etnógrafo erudito, ao sublime debuxante, ao poeta, ao músico, ao fascinante conversador, ao estratega insurrecional, é continuarmos sem trégua a luita, até atingirmos a vitória sobre o imperialismo e as lumpemburguesias.

Hoje é um dia de luto para os povos do mundo que nom claudicamos, é um dia de pesar para a causa da Revoluçom Socialista Colombiana, a quem Jesús Santrich consagrou toda umha vida de talento e sacrifício pola redençom dos humildes e excluídos, pola soberania e plena independência frente Washington.

A nossa tristeza reconforta-se porque sabemos que seguirá sendo fonte de inspiraçom para que nom se resigna a viver eternamente de joelhos, para quem nom se conforma a padecer um presente de miséria e violência.

Camarada comandante Santrich das FARC-EP Segunda Marquetália, inclinamos as nossas bandeiras, a vermelha da classe obreira e a tricolor branca-azul-rubra republicana galega, fundida com as luminosas cores da bandeira bolivariana, pola tua inesperada partida.

Que a música celestial da frauta andina e o brilho dourado do saxofone te acompanhe eternamente.

Por méritos próprios, já formas parte do frontispício da emancipaçom desse imenso território que se extende do Rio Grande à Terra de Fogo, acompanhando Simón Bolívar, Farabundo Martí, César Augusto Sandino, Camilo Torres, Tánia, Che Guevara, Miguel Enríquez, Robi Santucho, Haydée Santamaría, Manuel Marulanda, Fidel, … entre tantos outros.

Até a vitória sempre camarada Trichi!

Honra e glória comandante!

Independência e Pátria Socialista!

Direçom Nacional de Agora Galiza-Unidade Popular

Na Pátria, 19 de maio de 2021

Comunicado nº 161: Impossibilitemos o espólio colonial eólico

Padrão

 

Impossibilitemos o espólio colonial eólico

O projeto imperialista do bloco oligárquico espanhol sempre tem tratado a Galiza desde umha lógica colonial.

Somos umha simples regiom “periférica” de onde extrair matérias primas e mao de obra barata, onde instalar indústrias de enclave altamente contaminantes visadas para a transformaçom de matérias primas próprias ou procedentes de milhares de quilómetros, como a bauxita que vem do golfo de Guiné para produzir alumínio.

O franquismo aniquilou umha boa parte dos vales mais férteis e produtivos da Galiza, inçando o país dos mil rios de encoros para produzir energia elétrica. Um dos principais oligarcas que contribuírom económicamente para o triunfo do golpe fascista, Pedro Barrié de la Maza, dono de Fenosa e do Banco Pastor, acumulou umha imensa fortuna a custa de sementar desolaçom e miséria, provocando o êxodo maciço da populaçom que perdia as suas terras, o seu meio de subsistência.

Este modelo irracional e antipopular nom só continuou nas décadas do primeiro pós-franquismo. Atualmente somos umha das pilhas de Espanha, um país excedentário na produçom de energia elétrica. Mas paradoxalmente padecendo um dos preços da luz mais elevados do conjunto de Europa.

Galiza representa 5,8% da superficie estatal, mas temos 15% da potência eólica do conjunto do Estado espanhol.

Porém, o projeto imperialista espanhol continua castigando-nos. Nas últimas duas décadas umha parte considerável dos nossos montes tenhem-se inçado de autogeneradores de energia elétrica. Som mais de 4.000 presentes em 100 concelhos, de norte a sul, de leste a oeste.

A média de produçom eólica na Galiza é de 115 kW/km2, frente os 46 kw/ km2 do Estado espanhol, ou os 72 kW/km2 da Alemanha.

Sob a fraudulenta justificaçom da aposta na energia “renovável”, por promover energias “verdes”, o capitalismo pretende seguir sementado milhares de eólicos, destruíndo ecosistemas, património arqueológico e etnográfico, fazendo inviável viver no rural, esmagando as economias locais, provocando um brutal impacto paisagístico.

Em 2019, tanto o Governo autonómico como o espanhol, tramitárom conjuntamente à volta de 75 megaparques eólicos, aprovados pola via da urgência. Por se esta agressom nom fosse suficiente, o capitalismo espanhol e da UE pretendem duplicar a potência instalada até 2030, alargando as áreas de expansom eólica a parques naturais e áreas protegidas, vales, zonas húmidas,  agras, primeiras linhas de costa e, inclusive, nas proximidades de grandes núcleos populacionais.

Pretendem construir 300 novos parques eólicos, converter a Galiza num imenso “bosque” de aéreogeneradores, alguns atingindo mais de 750 metros de altura.

Sementar miséria a custa de expoliar

As obscenas taxas de lucros que logram as multinacionais e grandes corporaçons nom revertem praticamente no país. Aqui só ficam migalhas, pois os benefícios fluem diretamente para a metrópole madrilena ou para outros países, onde estam instaladas as sedes fiscais de Iberdrola, Eurovento, Enel Green Power, Gás Natural Fenosa, EDP, Elecnor, Norvento … as principais empresas a quem o PP e o PSOE, como bons capatazes, estám entregando o controlo do território do país.

Deliberado plano estratégico implementado polos capatazes do Capital

A entrada forçosa da Galiza na Comunidade Económica Europeia em 1986, atual UE, supujo um demoledor golpe na estrutura económica do país, aniquilando o setor primário.

Mais de um quartel de milhom de galegos dedicados à agricultura e gandaria, perdérom o seu modo de vida, tendo que emigrar ou procurar emprego noutros setores.

O processo de despovoamento do mundo rural acelerou-se. Milhares de núcleos populacionais, de aldeias, fôrom abandonadas, e portanto o território ficou indefeso. Abrírom-se às portas à eucaliptizaçom maciça, aos planos depreadores das megaminas, construçom de novos encoros, entrega do território às grandes corporaçons capitalistas que só procuram lucro devastando a natureza e destruindo impunemente o nosso património.

O governo de Feijó, submisso e pregado aos interesses foráneos, age como o que é, um governinho de um protetorado, que legisla para favorecer os grandes oligopólios perjudicando os seus compatriotas.

Assim devemos interpretar a denominada “Lei galega de fomento da implantaçom de iniciativas empresariais”, adequadamente designada como “Lei de Depredaçom”, que permite agilizar a tramitaçom e posta em andamento dos novos projetos eólicos restringindo a participaçom popular e outorgando às empresas direitos de usurpaçom das terras.

Só a luita organizada e perserverante logrará reverté-los

Para salvar a serra da Groba, o Galinheiro, o Suído, o Jurês, o maciço central, a Cabreira, para evitar a desfeita acontecida em Castrelo do Minho, Belesar ou no Val do Límia, é necessário luitar. É fundamental conscientizar as Comunidades de Montes, a vizinhança envelhecida e empobrecida de amplas zonas rurais praticamente desabitadas, que entregar o património natural às empresas eólicas nom vai mitigar a sua depauperada situaçom, que cumpre legar o presente em condiçons para as futuras geraçons.

Os eólicos nom geram emprego nos territórios afetados, mais bem contribuirám para expulsar populaçom e inviabilizar iniciativas económicas vinculadas ao setor primário e ao turismo.

É umha tarefa dífícil pola ausência de auto-organizaçom popular, polo controlo que exercem as redes clientelares de dominaçom do PP, mas é necessário dar a batalha, apresentando alegaçons, denunciando o que pretendem fazer, e basicamente mobilizando.

A Lei 8/2009 de aproveitamento eólico da Galiza, o Plano Setorial Eólico de 1997 e modificado em 2001, a Lei 5/2017 de “Fomento da implantaçom de iniciativas empresariais”, devem ser inviavilizadas.

Nem Galiza nem o povo trabalhador galego está condenado ad infinitum a seguirmos submetidos ao rol asignado na divisom internacional do trabalho polo imperialismo.

Só a mobilizaçom popular, a luita firme e contundente, poderá frear e impossibilitar a instalaçom de novos eólicos, salvar o nosso território e desterrar este modelo de desenvolvImento obsoleto, insostível, de clara manufatura colonial.

Na Pátria, 8 de abril de 2021

Direçom Nacional de Agora Galiza-Unidade Popular

JOGADA MESTRA DO OPORTUNISMO

Padrão

JOGADA MESTRA DO OPORTUNISMO

O inesperado movimento político anunciado hoje por Pablo Iglesias, renunciando à Vicepresidência do Governo espanhol para encabeçar a candidatura de Unidas Podemos à Comunidade Autónoma de Madrid, desbarata todo o taboleiro político espanhol.
Com este golpe de efeito tenta dar umha leiçom de “ética política”, nom aferrando-se ao poder e monstrando que está disposto a “sacrificar-se”, lançando-se à arena como primeiro espada para um desigual mano a mano com Díaz Ayuso.
Deste jeito vai lograr umha polarizaçom -mais artificial que real-, entre “antifascismo” e fascismo, Podemos versus PP.
Angel Gabilondo, asséptico candidato do PSOE, fica completamente fora de jogo.
Simultaneamente eclipsa às diversas fraçons de Más Madrid e do “errejonismo” em declive que pretende pescar na descomposiçom de C’s.
Por parte do líder de Podemos abre-se umha capacidade para arrastá-los a umha “frente antifascista”, gerando umha pressom entre as bases das diversas “esquerdinhas” e reformismos de concentrar voto útil contra a neofalangista que adiantou as eleiçons madrilenas.
Mesmo Pablo Iglesias provoca um efeito chamada e multiplicador que injeta ilusom e procura desativar o abstencionismo entre os setores operários e populares situados no espaço antisistémico, que perante a ameaça fascista, optaram polo voto útil contra Ayuso apoiando ao líder do partido púrpura.
Com este movimento logra evitar a fuga de Iolanda Díez para o PSOE, facilitando-lhe a Vicepresidência do Governo, assegurando e combinando assim as suas ambiçons políticas com a lealdade com Unidas Podemos.
A partir de hoje, até o 4 de maio, só se vai falar de Pablo Iglesias e da Ayuso.
Com esta jogada achou umha oportunidade de ouro para lograr sair pola porta grande de um governo no qual já nom tenhem praticamente percorrido as suas mornas propostas reformistas.
O bloqueio e o muro de contençom dos setores mais conservadores e ultraliberais do PSOE de Carmen Calvo e Margarita Robles estavam asfixiando-o politicamente, agravando o seu descrédito. Perante a incomodidade de formar parte de um conselho de MInistros que nom cumpre nem as expetativas mais baixas do podemismo, esta decisom facilita-lhe o abandono que andava procurando.
Esta jogada mestra de política eleitoral burguesa confirma que Podemos é a quarta pata do regime de 78, que nom pretende derrumbá-lo nem reformá-lo. O seu rol é basicamente evitar que a democracaia burguesa do pós-franquismo transite face um regime autoritário que demanda a fraçom mais criminosa e chauvinista da oligarquia espanhola.

10 de Março, Dia da Classe Obreira Galega. Piloto, Amador, Daniel assassinados polo fascismo que hoje nos ameaça

Padrão

10 de Março, Dia da Classe Obreira Galega

Piloto, Amador, Daniel assassinados polo  fascismo que hoje nos ameaça

A classe trabalhadora galega estamos pagando as consequências da devastadora crise sanitária e económica provocada pola deliberada negligência na errática gestom da pandémia.

A burguesia está aproveitando a oportunidade que lhe brinda a pandemia global, para acelerar os seus planos depredadores contra a imensa maioria do povo trabalhador, para ir ensaiando o modelo de capitalismo do século XXI que sonha implantar.

Nom nos podemos deixar arrastar por nengum dos bandos da pugna caníbal entre as duas fraçons da burguesia, que pretendem impor o seu específico modelo de mais exploraçom e dominaçom. A queda da taxa de acumulaçom e lucro obriga a oligarquia no seu conjunto a adotar mudanças de fundo para salvar o sistema.

A crise estrutural do modo de produçom capitalista na sua fase senil, exige endurecer a exploraçom e dominaçom. “Globalistas” e “nacionalistas”, Biden ou Trump, Pedro Sánchez ou Santiago Abascal -como capatazes e papagaios de ambas fraçons, coincidem no essencial: há que assegurar a toda custa a perpetuaçom do sistema.

O Covid-19 tem facilitado a estratégia de caos controlado. O Capital necessita mediante o uso do medo, impor todo tipo de restriçons em liberdades e direitos, um povo trabalhador desvertebrado, confinado, incapaz de reagir perante as agressons a que se vé submetido.

Nestes últimos 365 dias temos assistido a um processo involucionista sem praticamente resistências, a um reforçamento do fascismo em todos os ámbitos.

Nem o reacionário governinho de Feijó, nem o fraudulento governo “progre” de PSOE-Unidas Podemos, nada tenhem feito para evitar que a crise sanitária e económica nom seja paga pola classe obreira e o conjunto do povo trabalhador.

Enquanto destacados segmentos da nossa classe seguem em ERTE permanente, enquanto se incrementa o desemprego e a precariedade laboral, enquanto se cortam direitos e liberdades básicas, enquanto se condena à ruína setores inteiros da economia, as grandes empresas do Ibex 35 nom param de acumular fortunas a custa da nossa miséria.

Os mais de 140 mil milhons de euros destinados pola UE ao Estado espanhol para “paliar” os efeitos da crise pandémica, vam ser absorvidos na sua imensa maioria polos monopólios e as grandes empresas. Nom vam ser investidos em ajudar os setores mais golpeados pola crise, para salvar empregos, para combater os efeitos demoledores da pobreza, exclusom social e depauperaçom em curso.

Chegarám migalhas disfarçadas de “ajudas”, simples políticas assistencialistas visadas para amortecer as contradiçons.

Mas Pedro Sánchez e Feijó entregarám fabulosas ajudas a Zara Inditex, Ence, Coren, Iberdrola, Acciona, Cepsa, Ferrovial, Naturgy, Telefónica, El Corte Inglés … reproducindo a operaçom de 2008 quando o governo de M. Rajói resgatou a banca.

Perante este cenário, é urgente e necessário vertebrar umha resposta ampla e unitária hegemonizada pola classe operária. Do contrário caminhamos inexoravelmente para um modelo de capitalismo altamente repressivo, onde logrem comodamente a plena voadura das conquistas laborais, dos direitos e liberdades.

NEM GOVERNO “PROGRE” NEM ALTERNATIVA FASCISTA, REVOLUÇOM SOCIALISTA

Após um ano de governo de Pedro Sánchez e Pablo Iglesias, voltamos a constatar que nom se materializárom nengumha das promessas de revogar a reforma laboral, a lei mordaça e a LOMCE. Mais alá de gestos e formas, é simplesmente mais do mesmo! É um governo social-liberal com incustraçons socialdemócratas, carente de ambiçom transformadora, que incumpre o seu morninho programa neokeynesiano. Um governo obediente aos diktados da UE e submisso ao patronato, Ibex 35 e grande Capital.

Enquanto é detido Pablo Hasél por exercer a liberdade de expressom, enquanto as forças policiais repremem as mobilizaçons populares, enquanto o governo permite homenagens nazis e carta branca ao fascismo, o fugado bourbóm segue desfrutando em Abu Dhabi da colossal fortuna que roubou, e o seu filho mantem sepulcral silêncio perante as constantes apelos a encabeçar um golpe de estado, tal como lhe solicitam estamentos militares, políticos, judiciais e mediáticos.

Nada podemos aguardar das promessas das “esquerdinhas”, nada podemos esperar das ilusons eleitorais que só provocam frustraçon, desencanto e desmobilizaçom, facilitando o caldo de cultivo do fascismo. Dessas forças instaladas no eleitoralismo, hipotecadas polo cretinismo parlamentar, obssesionadas por gerir as migalhas institucionais que o sistema permite, alimentando irresponsavelmente a falsa “normalidade democrática”, o interclassismo e o cidadanismo que facilita a ofensiva burguesa contra nós, o povo trabalhador galego.

A LUITA OPERÁRIA E POPULAR É O ÚNICO CAMINHO

Neste 10 de Março, a esquerda revolucionária galega articulada em Agora Galiza-Unidade Popular, reafirma o apelo a constituir um Bloco Popular Antifascista de genuíno caráter anticapitalista e de libertaçom nacional. Necessitamos construir um pólo classista e patriótico para abrir um ciclo de luita que permita organizarmos a contraofensiva.

Sem forças genuinamente operárias na sua composiçom, linha discursiva, intervençom e orientaçom, a classe trabalhadora galega seguirá esterilizada para fazer frente à ofensiva do Capital, e à ameaça fascista. A dramática carência de umha força política operária com influência de massas, permit1e obreira galega.

A memória histórica do mundo do Trabalho custódia e ratifica que todas as conquistas e avanços, sem exceçom, fôrom atingidos na luita nas fábricas, nos centros de trabalho e nas ruas. Som resultado do sacrifício, do suor, das lágrimas e do sangue operário. Nada nos foi regalado em balde! Nom fôrom concessons gratuítas do nosso inimigo irreconciliável.

Nom podemos pois alimentar o ilusionismo eleitoral, nem falsas expetativas. As mudanças e profundas transformaçons que a classe trabalhadora galega demanda, serám resultado de um processo revolucionário, e nom derivará de aritméticas parlamentares do sistema eleitoral burguês. Nom é possível implementar políticas ao serviço do povo trabalhador sem tombar o regime postfranquista e a ditadura do Capital.

RESGATAR A MEMÓRIA OPERÁRIA E ANTIFACISTA GALEGA

Neste 10 de Março nom só queremos lembrar e honrar a luita operária de Ferrol de 1972, Daniel Niebla e Amador Rei, assassinados pola polícia por reivindicar direitos para o proletariado galego.

Neste Dia da Classe Obreira Galega reivindicamos a figura e a vigência da causa de José Castro Veiga, ícone do comunismo e do antifascismo combatente galego. “Piloto” -abatido a traiçom pola Guarda Civil a carom do regato das Andorinhas, em Chantada em 1965-, representa a coerência e persistência da resistência político-militar ao fascismo.

Neste novo 10 de Março cumpre recuperar o rol dirigente do proletariado galego no combate anticapitalista e antifascista.

Ou bem renunciamos à luita, e portanto assumimos submissamente a depauperaçom, ou bem optamos pola rebeliom. Nom existem caminhos intermédios. Nós temos claro qual é a resposta a esta disjuntiva: a luita é o único caminho.

Piloto, Amador, Daniel, a luita continua!

Viva a classe obreira galega!

Viva a Revoluçom Galega!

Independência e Pátria Socialista!

Na Pátria, 10 de março de 2021

Comunicado nº 158: 8 de Março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora. AS TRABALHADORAS DEVEMOS PROTAGONIZAR A NOSSA EMANCIPAÇOM

Padrão

As origens do 8 de Março nom emanam das “sufragistas” burguesas. 8 de Março nom é o “dia das mulheres”, nem o “dia da mulher”, é o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora.

As suas origens derivam da luita das mulheres bolcheviques. Foi adotado em 1910 em Copenhaga, na II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas. Está indissoluvelmente ligado a Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo, Alexandra Kollontai, Nadezhda Krupskaya, Inessa Armand, todas elas pioneiras no impulso desta data fundamental no calendário reivindicativo contra o capitalismo.

8 de Março é umha jornada reivindicativa e de luita, onde nom se pode deslindar o combate pola emancipaçom das trabalhadoras da luita anticapitalista.

A atual adulteraçom da efeméride fai parte da desvirtuaçom e fagocitaçom que o pensamento burguês imprime nas luitas, para impossibilitar as transformaçons revolucionárias.

Tampouco os seus objetivos podem ser circunscritos ao que brilhantemente denunciou há mais de cem anos a primeira mulher ministra da História, Alexandra Kollontai. “Qual é o objetivo das feministas burguesas? Conseguir as mesmas vantagens, o mesmo poder, os mesmos direitos na sociedade capitalista que possuem agora os seus maridos, pais e irmaos.

Qual é o objetivo das operárias socialistas? Abolir todo tipo de privilêgios que derivem do nascimiento ou da riqueza. À mulher obreira é-lhe indiferente se o seu patrom é homem ou mulher”.

Foi precisamente a Revoluçom Bolchevique de 1917, quem após a tomada do poder implementou políticas visadas para atingir plenos direitos e liberdades para as mulheres trabalhadoras, suprimindo a legislaçom que os negava. Direitos que formalmente na atualidade estám contemplados no Estado espanhol, mas que na realidade nom passam de umha quimera na vida diária da imensa maioria das mulheres trabalhadoras que vendem a sua força de Trabalho.

Foi durante a Revoluçom Bolchevique quando se conquistou iguais jornadas laborais e salário entre trabalhadoras e trabalhadores. Quando se logra o direito de sufrágio, quando se mudam as relaçons sociais e de género, aprovando o aborto e o divórcio. Quando é abolida a ilegitimidade dos filhos, suprimindo disposiçons penais contra o incesto, o adultério e a homossexualidade.

Som aprovadas um conjunto de leis de proteçom da maternidade e da infância, instituindo a educaçom mista nas escolas. Por meio da nova legalidade revolucionária assistimos pois à via jurídica do início do processo de destruiçom do poder patriarcal

A conquista de benefícios sociais mediante salários de maternidade, jardins de infância, comedores, lavandarias, fogares para as crianças, possibilitárom um salto de gigante na emancipaçom real das trabalhadoras.

Do Primeiro Congresso Panrusso de Mulheres Trabalhadoras, de 1919 nasce o Zhenotdel [Departamento da Mulher], o primeiro organismo público estatal dedicado a promover a participaçom das mulheres na vida pública, projetos sociais como a erradicaçom do analfabetismo feminino. Fôrom criados os alicerces para o surgimento da mulher nova, livre e emancipada.

FEMINISMO FUNCIONAL PARA O CAPITALISMO

A apropriaçom polo capitalismo da reivindicaçom de “igualdade de direitos”, contrariamente à percepçom generalizada de que tem sido um grande passo pola libertaçom “das mulheres”, também tem sido letal para acumular forças rebeldes. Pois o único horizonte possível onde poderemos atingir como trabalhadoras a nossa plena e real emancipaçom é o Socialismo.

Eis polo que o seu discurso é divulgado polos meios de [des]informaçom sistémicos “progres”, perfeitamente conhecedores da sua funcionalidade para amortecer a contradiçom antagónica entre Capital-Trabalho.

O feminismo liberal e burguês, atualmente hegemónico no seio das organizaçons de mulheres, tem sido, e é, plenamente funcional para reforçar o amorfismo, o marasmo e a fragmentaçom nas luitas operárias e populares. Introduzindo o vetor da contradiçom de “género” completamente desligado da contradiçom Capital-Trabalho, só contribui para esterilizar as luitas.

Gerando a falsa ilusom da existência de interesses comuns entre o conjunto das mulheres, nega no seu acionar teórico-prático a contradiçom antagónica de classe.

Para este feminismo, existem similares interesses como mulheres entre Ana Botín -presidenta do Banco Santander-, e o proletariado feminino dumha conserveira da ria de Arouça, dumha operária têxtil do empório da família Ortega, ou dumha trabalhadora da limpeza.

O seu relato incide na contradiçom de género desligada da de classe, elaborando umha ilusom carente de qualquer fundamento: acreditar que o feminismo é em si mesmo umha alternativa emancipadora. Substituindo a luita de classes pola de género, nom só dividem a classe trabalhadora, quebram o potencial revolucionário anticapitalista do proletariado como classe social, objetivamente interessada em acabar com a exploraçom e dominaçom a que nos vemos submetidas como mulheres e homens.

Transformando os “homens” em inimigos, tecendo umha política de alianças com as mulheres burguesas, que só procuram paridade nas instituiçons capitalistas, nos conselhos de administraçom das empresas, em todos aqueles espaços públicos e privados que simplesmente devem ser derrubados pola Revoluçom Galega. Revoluçom que deve ser de caráter socialista, antipatriarcal e de libertaçom nacional.

O feminsimo burguês desvia a atençom, fende a comum luita entre mulheres e homens trabalhadores. Paradoxalmente a sua cosmovisom é altamente eficaz para perpetuar este sistema patriarcal. Razom pola que boa parte do seu programa é assumido polas forças políticas sistémicas, tanto as social-liberais como as social-democratas, pois nom tem como objetivo dar xaque mate ao capitalismo.

A esquerda revolucionária galega tem sido pioneira na luita pola específica marginalizaçom, opressom e dominaçom que padecem as mulheres trabalhadoras no capitalismo. Quando praticamente ninguém assumia esta luita, nós mantinhamos com firmeza a necessidade de introduzir a reivindicaçom antipatriarcal nas luitas operárias e populares.

POR UM MOVIMENTO CLASSISTA DE MULHERES TRABALHADORAS CONTRA O CAPITAL E O PATRIARCADO

Frente ao politicamente correto e inofensivo discurso “feminista” do pensamento progressista, é imprescindível sentar as bases para construir um movimento de trabalhadoras, de estudantes e jovens de extraçom operária e popular, que o desmascare mediante a luita ideológica e umha coerente açom teórico-prática.

Só mediante a mobilizaçom, só empregando todo tipo de mecanismos e métodos de luita, se pode lograr avançar na conquista de direitos laborais e sociais realmente inexistentes.

Cumpre combater com contundência a falsa ilusom de acreditar na viabilidade de construirmos umha sociedade igualitária de mulheres e homens na sociedade capitalista.

Só avançaremos na nossa emancipaçom deslindando a luita das mulheres trabalhadoras daquelas mulheres da aristocracia operária e da pequena burguesia funcionarial.

Somos nós, as mulheres do poivo trabalhador galego quem padecemos nas nossas carnes a exploraçom do Capìtal, as taxas mais elevadas de desemprego, de precariedade laboral, as que recebemos um salário mui inferior realizando idêntico trabalho que os homens, as que devemos realizar umha dupla ou tripla jornada laboral assumindo as tarefas do cuidado e manutençom das nossas famílias, as que nom podemos exercer plenamente os direitos sexuais e reprodutivos, as liberdades, as que sofremos a violência machista.

O género nom define a luita pola emancipaçom e a exploraçom capitalista. Porque as mulheres em abstrato nom somos um sujeito potencialmente revolucionário. É a classe, e portanto as mulheres trabalhadoras, o eixo e sujeito articulador do movimento pola plena emancipaçom das mulheres que vendem a sua força de Trabalho.

Corresponde às mulheres trabalhadoras dirigirmos o combate às contradiçons, ao machismo e ao patriarcado instalado no seio do conjunto do povo trabalhador e empobrecido, e nas suas organizaçons políticas e sociais.

Mas só umha sociedade superadora do capitalismo, umha sociedade Socialista, pode sentar as bases para erradicar o patriarcado das relaçons sociais, das mentalidades e das inércias de milhares de anos.

Nom apoiamos o feminismo pequeno-burguês e liberal-“progressista”, que reproduz acriticamente o discurso postmoderno tam do gosto do Capital, que convoca inofensivas “greves gerais” interclassistas, apoiadas polas mulheres da burguesia e da oligarquia, que só distrai as mulheres trabalhadoras da contradiçom principal, colaborando consciente ou inconscientemente com a desmobilizaçom, divisom e amorfismo no que está instalado o movimento operário.

Frente a este feminismo, as mulheres trabalhadoras que somos exploradas polas mulheres da burguesia, nas suas fábricas, nos seus centros de trabalho, nas tarefas domésticas das suas casas e mansions, temos que hastear a bandeira da emancipaçom de classe.

Viva a luita das mulheres trabalhadoras galegas!

Viva a luita pola emancipaçom das mulheres trabalhadoras galegas!

Na Pátria, 8 de março de 2021

40 ANIVERSÁRIO DO AUTOGOLPE DE ESTADO DE 23 DE FEVEREIRO. MITOS E FALÁCIA DO 23F

Padrão

40 ANIVERSÁRIO DO AUTOGOLPE DE ESTADO DE 23 DE FEVEREIRO

Coincidindo com o 40 aniversário de um dos capítulos mais opacos do postfranquismo, novamente reproduzimos a análise elaborada por NÓS-UP em 2008.

No número 20/21 do “Voz Própria” -a revista teórica do independentismo socialista galego-, era publicado no dossier central um monográfico intitulado “A ilegitimidade da democracia espanhola”.

A dia de hoje o seu impecável diagnóstico segue plenamente vigente e atual.

O autogolpe de Estado do 23F é um dos maiores enganos ao que foi submetida a populaçom polos aparelhos de manipulaçom do sistema. Exprime os limites de umha democracia burguesa emanada da ditadura fascista e as impossibilidades reais de alterar a sua natureza mediante a lógica do parlamentarismo.

MITOS E FALÁCIA DO 23F

Os acontecimentos desenvolvidos a 23 de Fevereiro de 1981, quando um grupo de Guardas Civis ao mando do Coronel Tejero assaltam e tomam o Parlamento espanhol e, simultaneamente, Jaime Milans del Bosch, Capitám-General da III Regiom Militar sediada em Valência, declara o estado de guerra ocupando com dúzias de tanques a cidade mediterránica, é um dos capítulos mais obscuros daTransiçom espanhola, mas também dos que deixárom umha profunda pegada na memória colectiva.

Contrariamente à versom oficial, o regime aproveitou a tentativa de auto-golpe de estado desenvolvida, coincidindo com a sessom em que se ia votar a eleiçom de Calvo Sotelo como substituto a Suárez, para aplicar umha involuçom política no processo de reforma franquista, basicamente para legitimar a monarquia bourbónica e marcar ainda mais os estreitos limites desta pseudodemocracia tutelada e sempre vigiada polos denominados eufemisticamente poderes fácticos.

A complexa conjuntura política da altura estava determinada pola grave crise interna do partido governamental, que tinha provocado semanas antes a demissom de Adolfo Suárez como presidente do Governo espanhol e também da UCD. A fragilidade interna da agrupaçom criada aceleradamente para pilotar a Transiçom saltara polos ares polos confrontos antagónicos entre as diversas correntes que co-existiam no seu seio.

O PSOE mantinha umha permanente pressom -até o extremo de empregar a moçom de censura- para impor a tam desejada alternáncia política. A Alianza Popular de Fraga Iribarne levava meses à procura de fórmulas para que Suárez a incorporasse ao governo e para que a UCD delimitasse o seu espaço político natural, que considerava estava ilegitimamente apropriando.

No grande poder fáctico, o Exército, existia um enorme mal-estar perante as formas e ritmos em que se estava a aplicar a Transiçom. A oficialidade franquista considerava excessivamente acelerado o processo em curso, nom concordava com a legalizaçom do PCE, dissentia da descentralizaçom adminsitrativa que identificava, de forma alarmista, como a antessala da destruiçom de Espanha. A todo isto, devemos acrescentar a crispaçom que gerava a intensa actividade armada da ETA, e dos GRAPO em menor medida, e a morna resposta de Suárez no combate ao “terrorismo”. O Exército demandava intervir directamente na luita contra as organizaçons armadas.

A política de ascensos aplicadas polo governo promovendo o ascenso de oficiais menos identificados com o franquismo mais doutrinário, saltando-se a hieraquia interna, e acelerando o passo à reserva dos militares claramente golpistas, contribuia a elevar a tensom, gerando enorme malestar nos quartéis.

Nom devemos desconsiderar que, no imediato período posterior à morte de Franco, fôrom constantes as tentativas de reconduzir a situaçom por parte do sector mais franquista. Nas salas de bandeiras gorárom-se diversas tentativas de golpe de estado: conspiraçom de Xátiva em 1977, Operación Galaxiaem Novembro de 1978, movimentos nas estratégicas unidades da BRIPAC em Janeiro de 1980, entre outras. Nom era nengum segredo que o exército espanhol nom se identificava nem coincidia com a reforma pactuada do regime que impugera pola força em 1936.

Embora os Pactos da Moncloa estivessem já assinados, o período era de grande agitaçom social, multiplicando-se as greves e as luitas operárias. A burguesia era incapaz de lograr a estabilizaçom que tanto procurava.

Na hora de abordarmos esta etapa, nom devemos desconsiderar a conjuntura internacional de agudizaçom da Guerra Fria entre as superpotências imperialistas, após a chegada de Ronald Reagan à Casa Branca. A Administraçom norte-americana nom descartava a possibilidade de um confronto nuclear limitado ao palco centro-europeu. Para o seu sucesso, era imprescindível contar com a plena adesom do Estado espanhol, pola posiçom geo-estratégica que ocupa a Península Ibérica. Washington levava tempo a promover governos fortes proclives a soluçons militares nos países aliados do ámbito mediterránico: Grécia, Itália, Turquia, Marrocos, Egipto; e o governo de Suárez mantinha elevadas doses de indecisom e umha política internacional de excessiva neutralidade. Nom tinha adoptado as medidas acordadas em política exterior implementando a tam desejada incorporaçom do Estado espanhol na NATO e na CEE.

CONJUGAÇOM DE DIVERSOS GOLPES

Contrariamente à versom oficial que de forma teimosa foi imposta sem a mais mínima concessom à dúvida ou questionamento nos meios de comunicaçom, até a converter em dogma de fé, no 23 de Fevereiro conjugárom-se vários golpes que finalmente nom se “complemetárom” pola falta de sintonia nas prioridades dos objectivos por parte dos principais actores.

Antonio Tejero Molina, convertido posteriormente em bode expiatório, quando ocupa as “Cortes”, e o general Miláns del Bosch quando ocupa Valência, estavam firmemente decididos a implantar pola força um governo militar legitimado pola monarquia, estavam a dar um golpe de estado ao estilo grego, que pretendia simplesmente impedir o desenvolvimento do sistema constitucional acordado na Transiçom, tencionando forçar um governo militar com ligaçons directas com o franquismo. Representavam o mais reaccionário do estamento militar, que desprezava a democracia burguesa.

Mas Tejero também estava a ser manipulado para o sucesso de umha manobra que desconhecia, promovida polo general Alfonso Armada -um monárquico vinculada ao Rei, durante anos foi Chefe da Casa Real e um dos principais assessores de Juan Carlos- que contava com a cumplicidade de sectores da UCD e das cúpulas do PSOE, AP e do PCE, e obviamente a operaçom promovida polo denominado “elefante branco” nom podia ser alheia ao conhecimento da Zarzuela e da embaixada norte-americana.

A operaçom que Armada, nomeado dias antes segundo Chefe do Estado Maior (JEME), baptizou comoDe Gaulle, procurava forçar, após a “providencial” intermediaçom do Rei, que demorou mais de seis horas a se posicionar no famoso discurso televisivo, passadas as 12 da meia-noite, um governo deconcentraçom ou salvaçom nacional, conformado polos principais partidos do sistema sob a presidência de um militar -ele próprio- para reconduzir e estabilizar a situaçom de crise profunda do processo pactuado na Transiçom, aplicando as decisons estratégicas que reclamavam o grande capital e o imperialismo.

Juan Carlos também lograria assim, tal como realmente aconteceu, um reconhecimento e legitimaçom democrática despreendendo-se da mancha original de ser um monarca imposto por Franco; e, perante umha série de decretos de carácter urgente, seriam marcados os límites involucionistas em diversos aspectos da acçom governativa, basicamente no desenvolvimento do Estado das Autonomias e em certos direitos democráticos fundamentais como o de expressom. Deste jeito, conseguia-se incorporar o exército ao processo e satisfazer as demandas de ordem por parte da burguesia.

O fracasso foi conseqüência, fundamentalmente, do desconhecimento por parte de Tejero e da trama civil do golpe vinculada com a extrema-direita dos verdadeiros objectivos tácticos que procurava a operaçom. O coronel da Guarda Civil recusou aceitar um governo com a presença de ministros do PCE, tal como lhe propujo Armada.

Coincidindo com o vigésimo aniversário do golpe, em 2001, diversos meios de comunicaçom filtrárom a composiçom desse governo de “salvaçom nacional” desenhado polos golpistas. Os ministros que acompanhariam o presidente Alfonso Armada seriam Felipe González (Vicepresidente para Assuntos Políticos), José María López de Letona (Vicepresidente para Assuntos Económicos), José María de Areilza (Negócios Estrangeiros), Manuel Fraga Iribarne (Defesa), Gregorio Peces Barba (Justiça), Manuel Saavedra Palmeiro (Interior), José Luis Álvarez (Obras Públicas), Miguel Herrero de Miñon (Educaçom), Jordi Solé Tura (Trabalho), Joaquín Rodríguez Sahagún (Indústria), Carlos Ferrer Salat (Comércio), Antonio Garrigues Walquer (Cultura), Ramón Tamames (Economia), Javier Solana (Transportes e Comunicaçons), Enrique Múgica Herzog (Sanidade), Luis María Ansón (Informaçom) e José Antonio Saénz de Santa María (Autonomias e Regions).

Os dous militares que conformariam esse executivo junto com Armada fôrom promovidos semanas depois da operaçom golpista. O general de divisom Manuel Saavedra Palmeiro foi ascendido polo Conselho de ministros de 20 de Agosto de 1981 a Tenente-General do Exército de Terra, além de ser designado Capitám-General da II Regiom Militar com sede en Sevilha, e Saénz de Santa María também foi ascendido a Tenente-General, assumindo o comando da Capitania da VII Regiom Militar, com sede em Valhadolid, e posteriormente da IV, com sede em Barcelona. A 2 de Novembro de 1983, un ano após a chegada do PSOE à Moncloa, voltou à Guarda Civil como Director-General.

Os golpistas estám hoje todos na rua, após terem cumprido mornas e privilegiadas penas de prisom. Armada, depois de 6 anos preso, foi indultado para se reformar e tratar apracivelmente das camélias no seu paço de Santa Cruz de Ribadulha; Tejero, cumpridos uns anos mais, também viu atenuada a sua pena. Miláns del Bosch, falecido em 1997, fora libertado em 91, após nove anos de prisom.

CONSEQÜÊNCIAS

A conspiraçom fracassou tal como a tinham desenhado Tejero, Miláns e a extrema-direita militar e civil, mas foi todo um êxito nos seus objectivos reais. O “golpe de leme”, na afortunada expressom com que Josep Tarradellas definiu o 23F, conseguiu aplicar a involuçom que procurava a burguesia, impor um novo consenso no consenso da Transiçom na hora de limitar as reformas e a velocidade das mesmas, e avançar no bipartidarismo entre o PSOE e AP/PP, à custa da UCD e do PCE. A esquerda radical espanhola naufragou definitivamente e a esquerda nacional galega viu-se envolta numha profunda crise que provocou a sua reformulaçom, em Setembro de 1982.

As conseqüências imediatas do 23F fôrom: a incorporaçom na NATO; a aprovaçom da LOAPA (Lei Orgánica de Armonizaçom do Processo Autonómico), que paralisou o processo de descentralizaçom e homologou as 17 autonomias seguindo a lógica de café para todos; a Lei de Defesa da Constituiçom ou “Antiterrorista”, que converteu a “carta magna” num texto sagrado de obrigada veneraçom e constrangiu ainda mais o exercício da liberdade de expressom ao ponto de nos anos posteriores o Governador Civil da Corunha impossibilitar à esquerda nacionalista manifestar-se na zona velha de Compostela.

Por esta Lei, aplicada com carácter retroactivo, fôrom expulsos do primeiro parlamentinho os três deputados do Bloque, após se negarem a jurar ou prometer a Constituiçom; por esta lei, era delictivo definir a Galiza como naçom; por esta lei, qualquer opiniom contrária à unidade espanhola podia ser penada com multas e detençons.

Nesta etapa, os maus tratos, as torturas e os assassinatos estendêrom-se nas esquadras policiais e quartéis da Guarda Civil, e criarom-se as condiçons para a guerra suja dos GAL, previamente ensaiados polos diversos grupos terroristas para-policias, como o Batallón Vasco-español. O exército conseguiu a sua desejada demanda de intervir no combate contra a ETA, despregando-se na fronteira pirenaica.

Mas também conseguiu disciplinar ainda mais a populaçom, induzindo temor e medo, esse perigo à involuçom e ao golpismo fomentado polo PCE e o PSOE para desmovimentar a classe trabalhadora, numha sociedade que ainda continuava mediatizada polo holocausto de 1936.

A direita e a extrema-direita sentiu-se legitimada na sua violência e a repressom laboral aumentou nas empresas, com despedimentos por razons de índole política ou activismo sindical. O 23F acelerou o desencanto e a desmobilizaçom sociais, o afastamento de amplos sectores populares da actividade sociopolítica, a moderaçom e a procura do politicamente correcto em boa parte das organizaçons políticas e sociais da esquerda.

O PSOE, com a vitória eleitoral de outubro de 1982, apoiada polo grande capital, aplicou obedientemente boa parte dos objectivos que perseguia o 23F, tornando realidade os prognósticos de Franco de “que todo fica atado e bem atado”.

Comunicado n° 157: ELEIÇONS CATALANAS CONFIRMAM POLARIZAÇOM DE “BLOCOS” E RESTAURAÇOM DA ESTABILIDADE POLÍTICA

Padrão

ELEIÇONS CATALANAS CONFIRMAM POLARIZAÇOM DE “BLOCOS” E RESTAURAÇOM DA ESTABILIDADE POLÍTICA

Os resultados das eleiçons autonómicas catalanas de 14 de fevereiro de 2021, confirmam um leve incremento da hegemonia das forças políticas independentistas e republicanas catalanas sobre as que -com diversos matizes e linhas discursivas-, defendem a unidade e a monarquia espanhola.

Porém, a baixa participaçom no processo, com um incremento da abstençom de 25 pontos, eclipsa os resultados do bloco independentista.

Mais de 2.488.000 cataláns e catalanas com direito a votar[46.45%], optárom por nom participar no processo eleitoral. A excepcional conjuntura social derivada da pandemia, é o principal factor para compreendermos a significativa queda na participaçom.

Todas as forças políticas que tinham representaçom parlamentar, salvo o PSC, perdem apoio. A franquícia do PSOE na Catalunha é a única força que incrementa votos, cerca de 50 mil.

MODERADA VITÓRIA DO BLOCO INDEPENDENTISTA E REPUBLICANO CATALÁM

A soma de ERC, JxC, CUP e PdCAT representa 1.435.876 sufrágios, frente o 1.134.768 votos atingidos polo PSC, Vox, C´s e PP.

ERC perde 333.000 votos, JxC 380.000, e a CUP praticamente mantém intatos os mais de 190 sufrágios colheitados em 2017.

Finalmente ERC logrou impor-se na pugna pola hegemonia entre o independentismo conservador e o social-demócrata. Os 76 mil votos do PDdCAT [2.72%] furtárom aos de Puigdemont seguir sendo a primeira força no campo dos partidos de obediência catalana.

O destacado incremento da CUP em deputados, passando de 4 a 9, está ligado a que concentrou o voto antisistema e mais mais genuinamente antifascista. Passou do 4.46% a 6.68%, com umha queda de pouco mais de 7 mil votos.

BLOCO ESPANHOLISTA E MONÁRQUICO

A recomposiçom do voto mais anti-independentista, tem lugar com a concentraçom no PSC de parte do eleitorado “progressista” que em 2017 apoiou C’s para frear as declaraçons de independência.

O segmento mais ultra e conservador que tinha votado C’s, patologicamente contrário ao exercício de autodeterminaçom, optou por facilitar com contundência o sorpasso de Vox sobre o partido neofalangista laranja e o PP.

As urnas defenestrárom a formaçom da Arrimadas. Com tam só 157.529 sufrágios, perde 950 mil votos, passando do 25.35% a 5.57%.

O partido de Casado sofre umha devacle, ficando como a última força com representaçom no Parlament, com tam só 3 deputados, Perde algo mais de 75 mil votos, passando do 4.24% a 3.85%. Segundo a lei eleitoral galega imposta polo fraguismo seria umha força extraparlamentar.

O mais preocupante é a irrupçom do fascismo voxiano, com um discurso profundamente reacionário e agressivo, atingindo 7.69% dos apoios. Os 217.371 votos logrados nas quatro províncias catalanas, representam 11 deputados. A sua entrada fai saltar polos ares a antidialética interpretaçom dos partidos social-demócratas nacionalistas sobre a imunidade da “Galeusca” sobre o fascismo.

A “NOVA POLÍTICA”

A marca podemita logrou “salvar os móveis”. A franquícia catalana de Pablo Iglesias e o póscarrilhismo, com 194.111 apoios, perde 132 mil votos, passando de 7.46% ao 6.86%, logrando assim conservar os seus 8 deputados.

PERSPETIVAS

Embora a direçom de ERC nom descartasse priorizar um tripartidto com o PSC e o espaço podemita, a atmósfera pós-eleitoral nom vai facilitar esta alternativa.

Todo indica que se repetirá um bipartido com JxC encabeçado por ERC, com turbulento apoio parlamentar da CUP.

Porém, estamos a um passo mais da progressiva restauraçom da “normalidade democrática” na Catalunha após a capitulaçom dos dous principais partidos que dirigírom o procés.

Paradoxalmente, o 50.77% de apoios eleitorais atingido polas forças “soberanistas” catalanas -umbral sobre o que afirmavam estar legitimidados para declarar unilateralmente a República-, afasta a Catalunha do processo independentista de massas que viviu entre 2015 e 2019.

A pequena burguesia e a burguesia catalana já nom está por promover iniciativas aventureiristas. Carece de vontade política para um confronto aberto com um Estado disposto a usar novamente a força do artigo 155 e o que mais necessite, para manter a toda custa a unidade territorial espanhola.

Na atual conjuntura política e social já nom é viável reeditar o ingénuo e infantilizado entusiasmo independentista do procés.

ERC nom está por desenvolver um confronto aberto com o regime de 78, optando por reduzir as suas demandas a lograr a amnistia dos dirigentes políticos presos, e solicitar ao PSOE, já mais no campo retórico que no da política real, a convocatória dumha inviável consulta autodeterminsita “legal”.

PSC e ERC som as duas peças chaves do taboleirio político institucional catalám. Ambos coincidem na parcial restauraçom ordeira da normalidade democrática e do parlamentarismo burguês. A governabilidade do Estado depende da Catalunha, e Pedro Sánchez necessita conceder um indulto aos presos para garantir três anos de cómoda legislatura.

Pedro Sánchez, o esquadrismo facsista de Abascal e a política vaticana de Oriol Junqueras som os grandes vencedores na noite eleitoral do 14 de fevereiro.

Casado, Arrimadas e Puigdemont som os grandes perdedores. Pois os rivais do seu próprio campo lográrom superá-los.

A ausência de umha força política revolucionária catalana de massas, impossibilita alterar a curto prazo este empate técnico de blocos. Sem um partido operário patriótico catalám, a classe trabalhadora e empobrecida da Catalunha seguirá assistindo a umha perda progressiva de direitos e liberdades. O factor emocional e identitário adultera e deforma a luita de classes, provocando erróneas políticas de alianças.

Só umha Revoluçom Socialista que instaure umha República de trabalhadores e trabalhadoras pode garantir a plena independência e soberania nacional para assim poder construir umha nova sociedade superadora das injustiças e exploraçom capitalista. E nom é pola via das urnas burguesas como se atinge.

Direçom Nacional de Agora Galiza-Unidade Popular

Na Pátria, 15 de fevereiro de 2021

55 RAZONS PARA ILEGALIZAR VOX

Padrão

55 RAZONS PARA ILEGALIZAR VOX

Apresentamos sinteticamente um argumentário de 55 razons, dividido em oito epígrafes, para defender e postularmos a ilegalizaçom de Vox.

1- INIMIGO DA CLASSE OBREIRA

-Endurecimento da reforma laboral do PP que reduziu a indenizaçom por despedimento improcedente dos contratos indefinidos de 45 a 33 dias por ano trabalhado, com um máximo de 24 mensualidades [antes da reforma eram 42].

-Limitaçom do direito a greve e legalizaçom da esquirolagem.

-Restriçom da atividade dos piquetes informativos.

-Questionamento dos convénios coletivos, legalizando que a patronal subscreva no contrato com o trabalhador condiçons laborais e salário inferiores às garantidas polo seu convênio.

-Reduçom de indenizaçons por despedimento e da proteçom por desemprego.

-Reduçom das quotizaçons à segurança social.

-“Semi” privatizaçom do sistema pensions.

-Aumento da idade de jubilaçom e anos quotizados para poder optar à pensom.

-Promove divisom e confrontaçom entre a classe trabalhadora “autóctone” e a imigrante.

-Criminalizaçom da imigraçom.

-Aumento dos gastos militares.

2- DEFENSOR DA OLIGARQUIA

-Apoio inquebrantável à propriedade privada, liberalizaçom e disminuiçom da intervençom do Estado na economia.

-Privatizaçom das empresas públicas.

-Absoluta facilidade nos despejos e poder absoluto de proprietários frente inquilinos.

-Reforma fiscal em prol de beneficiar as rendas mais elevadas.

-Reduçom dos impostos a Sociedades.

-Reduçom do IBI [Imposto sobre Bens Imóbeis].

-Defesa da especulaçom urbanística mediante a plena liberalizaçom do solo.

3- INIMIGO DA GALIZA

-Plano de plena espanholizaçom, combate sem trégua ao idioma e cultura galega.

-Unidade de Espanha e defesa inquebrantável da unidade espanhola.

-Eliminaçom da Autonomia Galega.

-Ilegalizaçom de partidos e associaçons galegas que defendemos a libertaçom e independência nacional da Galiza.

-Dotaçom da máxima proteçom jurídica à sImbologia da naçom espanhola, especialmente a bandeira, hino e coroa.

-Defensa a ultrança da monarquia reinstaurada polo franquismo.

-Reforma do sistema eleitoral para que “os votos dos espanhóis sejam iguais e podam eleger os deputados num “distrito único nacional”.

-Realizaçom de exames de controlo de mediçom do conhecimento do espanhol.

-Imposiçom de eventos carentes de arraigo no nosso país como as touradas.

4- DEFENSOR DA REPRESSOM E DA SUPRESSOM DE LIBERDADES BÁSICAS

-Endurecimento da “Lei mordaça”.

-Cadeia perpetua sem possibilidade de revisom de prisom provisória ou de rebaixa da condena.

-Eliminaçom de privilêgios penitenciârios [salários, segurança social] a presos condenados por “terrorismo” e a imigrantes “ilegais”.

-Promover leis “antiocupaçom”. Autorizaçom a proprietários de “uso da força proporcional” para defender o “seu fogar” e propriedades. Alargará-se o conceito de legítima defesa.

-Eliminaçom do indulto.

-Derrogaçom da Lei de Memória Histórica.

-Legitimaçom da ditadura franquista.

-Agravamento das penas por “ofensas e ultragens a Espanha” e aos seus símbolos.

-Proteçom e melhoras laborais e económicas das forças repressivas: funcionariado de prisons, polícia, Guarda Civil.

5- CONTRÁRIO À EDUCAÇOM E SANIDADE PÚBLICA

-Defesa dos privilégios e financiamento público da educaçom privada.

-Aniquilaçom do sistema sanitário universal.

-Supressom da sanidade pública para intervençons quirúrgicas relacionadas com o aborto e mudança de sexo.

-Limitaçom das ajudas do Estado a atividades culturais que nom fomentem o patriotismo espanhol.

-Plano educativo de promoçom do imperialismo espanhol.

6- CRIMINALIZA A IMIGRAÇOM

-Incapacitaçom “de por vida” da legalizaçom e ajuda da administraçom estatal a todo trabalhador imigrante que nom aceda ao Estado espanhol por vias legais.

-Eliminaçom do acesso gratuíto à sanidade para trabalhadores imigrantes “ilegais”, e copago para todos os imigrantes residentes que levem menos de 5 anos de permanência no Estado espanhol.

-Deportaçom de imigrantes reincidentes que cometam delitos leves ou algum delito grave.

-Perda de nacionalidade a quem milite em organizaçons independentistas e revolucionárias.

-Levantamento de “um muro infranqueável em Ceuta e Melilha”, proporcionando à polícia e ao exército de recursos necessários para “vigiar” as fronteiras e impossibilitar a entrada de imigrantes “ilegais”.

7- JUSTIFICA A VIOLÊNCIA MACHISTA E NEGA OS DIREITOS SEXUAIS

-Substituiçom da lei contra a violencia machista por “umha lei de violência doméstica” que nom julgue o sexo do agressor.

-Oposiçom ao direito ao aborto.

-Derrogaçom dos direitos LGTBI.

-Defesa da família tradicional e criaçom do “Ministério de Família”.

8- POLÍTICA INTERNACIONAL

-Intensificaçom da participaçom do Estado espanhol nas intervençons militares do imperialismo.

-Defesa da OTAN e da UE.

-Apoio incondicional à entidade terrorista sionista.

-Construçom de “um muro infranqueável” nas colónias espanholas de Ceuta e Melilha.

-Reconstruçom do espaço político-económico da “Hispanidade”.

ILEGALIZAR VOX

Padrão

ILEGALIZAR VOX

A formaçom fascista espanhola promovida por umha fraçom da oligarquia, mas também taticamente polos interesses eleitorais do PSOE, a partir de 2019 logrou transitar da marginalidade política extraparlamentar, a converter-se a escala estatal num sujeito importante no taboleiro político institucional e mediático.

Vox tem um programa genuinamente ultraliberal, que aposta na drástica reduçom do gasto público e dos impostos para os ricos, pola liberalizaçom dos mercados e serviços.

Baixo grossas camadas de maquilhagem populista, e doses da pior demagogia goebbeliana, empregando o falaz mantra da Escola de Chicago, justifica estas medidas para eliminar o défice e reduzir a dívida.

A realidade é que Vox, como grupo de choque da burguesia, defende sem maquilhagens nem lipossucçons um programa depredador contra os direitos e as conquistas fundamentais atingidas pola classe operária em décadas de luita. O seu acionar político e social é umha declaraçom de guerra contra o mundo do Trabalho.

Vox assume como próprio o programa de máximos da oligarquia, dos monopólios, elogia as reforma laborais, definindo o sistema de proteçom por desemprego vigorante como “um dos mais generosos” e dos “mais prolongados dos países da UE e da OCDE”.

O programa económico de Vox é de neoliberalismo selvagem, pois “o Estado acionista há de desaparecer do panorama empresarial espanhol”.

VOX, BRAÇO TERRORISTA DA OLIGARQUIA

Vox é o instrumento da grande burguesia que durante os quarenta anos de franquismo atingiu umha das suas maiores acumulaçons da sua história. Da criminal élite económica que por mor da sobre-exploraçom à que era submetido o proletariado industrial e rural, logrou fabulosas fortunas.

Vox é fruto das necessidades da voraz oligarquia que tutela a atual ditadura burguesa espanhola, que dirige na sombra a imensa maioria dessas forças políticas institucionais que som simples capatazes dos seus interesses de classe. Para compreendermos o que está acontecendo devemos partir do seguinte axioma: o regime de 78 é filho legítimo do regime de 36.

Vox enquadra-se na fraçom chauvinista e protecionista da burguesia mundial que disputa a hegemonia do capitalismo à fraçom globalista.

Representa o grupo de choque contra os direitos e as conquistas da classe operária, e do conjunto do povo trabalhador, que necessita a burguesia na atual fase de agudizaçom da crise económica estrutural do capitalismo senil iniciada em 2008.

É altamente funcional para desviar a atençom, para confundir amplos setores da classe obreira e das camadas populares, de quem som os verdadeiros e únicos responsáveis da cada vez maior depauperaçom e miséria que padecemos.

Alimentando o mais agressivo e supremacista chauvinismo espanhol, oculta com manipulaçons, demagogia e mentiras, o seu verdadeiro objetivo de defender exclusivamente os interesses dos ricos e poderosos, da insaciável oligarquia que nesta pandemia incrementa os seus obscenos lucros.

O seu discurso asenta-se sobre dous eixos fundamentais. Defesa da unidade de Espanha e oposiçom radical aos fluxos migratórios.

Aponta demagogicamente contra os trabalhadores imigrantes e as reivindicaçons de liberdade nacional, como responsáveis e causantes das cada vez maiores taxas de desemprego, precarizaçom laboral, empobrecimento e miséria, a que nos condena o capitalismo crepuscular.

Ao longo do ano 2020, Vox, como expressom política do fascismo hegemónico em boa parte dos aparelhos repressivos do Estado, nas forças armadas, nas castas judiciais, nas direçons das grandes corporaçons de [des]informaçom de massas, na hierarquia católica, nos conselhos de administraçom das empresas do Ibex 35, defende e promove diversas fórmulas golpistas.

Age com absoluta impunidade nas suas declaraçons na defesa do terrorismo, na apologia, exaltaçom e justificaçom do franquismo.

MEMÓRIA E FUTURO

Como temos memória, sabemos como se desenvolveu na década dos anos trinta do passado século o fascismo, das analogias com o presente.

Cumpre nom esquecer e sim lembrar as origens do franquismo, como a oligarquia mediante um despiadado golpe de estado e guerra civil logrou derrotar as aspiraçons da classe trabalhadora e de liberdade nacional da Galiza, impondo durante mais de quatro décadas umha criminal ditadura militar.

Agora Galiza-Unidade Popular

considera Vox umha força indiscutivelmente fascista, similar ao pistoleirismo falangista, ao esquadrismo joseantoniano.

Frente à amnésia que seguem impondo-nos, sabemos que ao fascismo nom se lhe pode fazer a mais mínima concessom.

Que o fascismo deve ser combatido sem trégua nas ruas, nos centros de trabalho e ensino. Que na atual conjuntura nacional e internacional esta tarefa é umha prioridade para a classe trabalhadora.

VONTADE E DECISOM PARA ESMAGAR O FASCISMO

As “esquerdinhas” carecem de vontade e valentia real para confrontá-lo, mais alá de intermitentes e inofensivas declaraçons retóricas.

O branqueamento do fascismo chega a obscenidade quando 3 de fevereiro, Pedro Sánchez afirmou sem pudor que Santiago Abascal, “mostra mais responsabilidade de Estado que o líder da oposiçom” -o presidente do PP, Pablo Casado-, pola abstençom de Vox na votaçom que permitiu a convalidaçom do decreto sobre os fundos europeus que dotarám a oligarquia espanhola de 140.000 milhons de euros para “fazer frente à pandemia”. Com estas declaraçons o PSOE lava-lhe a cara, normalizando-o como mais um partido homologável ao resto das forças institucionais, facilitando o seu desenvolvimento.

Cumpre combater Vox com determinaçom e coragem, tecendo amplas unidades à volta de um programa nitidamente anticapitalista e de libertaçom nacional.

A esquerda revolucionária galega nom combatemos Vox para defender as já de por si tímidas liberdades e direitos ameaçados polos principais partidos da burguesia “democrática”.

Agora Galiza-Unidade Popular combate Vox como umha das principais expressons do terrorismo fascista, consciente que a alternativa frente o fascismo é a Revoluçom Socialista.

Sabemos que só a unidade, a mobilizaçom e luita tenaz e organizada da classe trabalhadora logrará derrotá-lo.

Comunicado nº 156. POR UM 2021 DE OFENSIVA REPUBLICANA E ANTIFASCISTA!

Padrão

POR UM 2021 DE OFENSIVA REPUBLICANA E ANTIFASCISTA!

A pandemia global mudou radicalmente o ano que finaliza, alterando as agendas políticas de governos e do conjunto do movimento operário e popular.

O Covid-19 tem-se convertido na grande oportunidade histórica, que habilmente está aproveitando a burguesia para implementar a aceleraçom das medidas previstas de endurecimento das condiçons de trabalho, de restriçom de direitos e amputaçom de liberdades, imprescindíveis para manter e perpetuar a sua taxa de lucro, e alongar a vida do capitalismo crepuscular.

Está logrando aplicá-las sem praticamente resistência e oposiçom. A estratégia desinformativa gerada à volta do vírus tem provocado resignaçom e desmobilizaçom geral, inclusive entre as forças políticas e sindicais operárias e de libertaçom nacional.

O medo -sistemática e deliberadamente inoculado nestes dez longos meses-, tem paralisado as capacidades e potencialidades de luita da nossa classe e do nosso povo. Mediante manobras de distraçom tenhem contribuído para desviar a atençom sobre as tarefas e necessidades, dividir-nos ainda mais, incidindo em preocupaçons banais, supérfluas e intrascendentes que nos fam mais vulneráveis.

O caldo de cultivo provocado deste estado shock que ainda nom superamos, o medo gerado pola crise sanitária e social em curso, tem favorecido o incremento e desenvolvimento do fenómemo do fascismo.

Os confinamentos, as medidas excecionais adotadas polo Governo espanhol e a Junta da Galiza -sempre justificadas no combate à pandemia-, tenhem restringido e cortado liberdades básicas, direitos essenciais, favorecendo umha atmófera visada para aceitar submissamente o cercenamento “voluntário” das conquistas atingidas com suor, lágrimas e sangue em décadas e décadas de luita e confronto organizado.

O isolamento imposto impediu durante meses a organizaçom operária e popular perante a impossibilidade de exercer o direito de livre circulaçom. Atualmente segue vigorante polas medidas governamentais e pola “autodisciplina” que penetrou no conjunto do povo trabalhador.

A falsa disjuntiva governo “progressista” vs oposiçom fascista

Nesta conjuntura tam adversa, o fraudulento Governo “progressista” do PSOE-Unidas Podemos tem logrado um magnífico aliado. As forças fascistas e reacionárias [PP, Vox e C´s] tenhem desfigurado a sua correta caraterizaçom de simples governo burguês ao serviço dos planos do Capital e submetido aos ditados imperialismo. Por muita fachada e relato “progre” do que se dotem alguns dos seus ministros, por muitos remendinhos que fagam e sobre todo prometam, nom é mais que um Governo que procura defender os interesses da oligarquia.

O eixo de gravidade “político-ideológico” está tam escorado para a extrema-direita, que mais um governo neoliberal do posfranquismo é apresentado sem pudor algum como o “mais progressista da história de Espanha”.

Que um conjunto de morninhas reformas visadas para amortecer a luita de classes, para estabilizar a crise estrutural da III restauraçom bourbónica, contem com o apoio explícito e implícito do conjunto das “esquerdinhas” social-demócratas periféricas, nom só manifesta o seu oportunismo genético, e exprime a profunda crise de identidade e perspetiva. É também resultado da dramática carência de ferramentas defensivas operárias e populares na atual fase da luita de classes e de libertaçom nacional.

Por muito que o fascismo mediático, militar e orgánico, o definida como um “governo social-comunista-bolivariano”, a esquerda revolucionária galega segue-o caraterizando como um governo social-liberal com incrustraçons social-demócratas no que nom depositamos as mais mínimas expetativas e confiança.

Há exatamente um ano, prognosticamos que frente aos silêncios cúmplices e os calculados oportunismos, o Governo PSOE-Podemos, ia ser umha estafa, um monumental engano. 365 dias depois temos comprovado a acertada análise.

Neste ano constatamos que mais alá da retórica e de mornas medidas neokeynesianas, nom derrogárom a reforma laboral, nem a lei mordaça, seguem instalados no chauvinismo espanhol negador do legítimo e necessário exercício da autodeterminaçom. Pactuárom com o Ibex 35 o “botim” do resgate “europeio”, que novamente vai ser absorvido polas grandes empresas a custa de alongar os ERTE, incrementar o desemprego, a precariedade laboral, a pobreza e a miséria de um povo trabalhador desorganizado e desarmado ideologicamente, portanto vítima da demagogia populista fascista.

Confrontar a monarquia e o fascismo

Nestes dez meses de pandemia, o vírus fascista tem-se extendido sem limitaçons. A desligitimaçom “democrática” do governo segundo os parámetros burgueses, tem justificado permanentes apelos ao golpe de estado. O franquismo, bem instalado nos aparelhos estatais do regime, age com absoluta impunidade porque bem sabe que Pedro Sánchez e Pablo Iglesias carecem de coragem.

Juízes, generais, diretores de meios de [des]informaçom, líderes políticos, organizaçons gremiais policiais, bispos, aristócratas, e resto da escória social franquista, levam meses criando um estado de opiniom visado para justificar umha nova involuçom política.

O núcleo mais poderoso do bloco oligárquico do Ibex 35, rearticulado e consolidado pola vitória do golpe de estado de 1936, nom atura que simples capataces estejam gerindo os seus interesses desde a Moncloa. Pretende suprimir intermediários.

E os capataces carecem de firmeza e decisom política para confrontar o fascismo e o grande Capital, optando por morninhas e inofensivas condenas, que só envalentonam ainda mais os seguidores da monarquia imposta por Franco.

A peça angular do regime emanado da maquilhagem franquista som os inquilinos do palácio da Zarzuela.

Juan Carlos I e Felipe VI representam a continuidade institucional do genocida regime militar imposto a sangue e fogo. Nem o capitalismo se pode reformar, nem a monarquia pode ser “democratizada”. Ambas som falazes ilusons dos falabaratos da “esquerdinha”, que só desviam a atençom de setores operários e populares na tarefa principal: tombar o regime de 78.

A sua queda nom derivará de maiorias artitméticas parlamentares, nem de acordos de cúpulas, será resultado da luita unitária e organizada da classe operária e o conjunto do povo trabalhador.

Nada podemos aguardar da “esquerdinha” que branquea e alterna com os partidos fascistas, que legitima o aparelho estatal posfranquista.

Frente o desencanto e a frustraçom devemos continuar configurando um bloco popular antifascista e republicano, hegemonizado pola classe trabalhadora. Eis a nossa tarefa principal na alvorada do novo ano que já se divisa no imediato horizonte.

2020, novamente um ano negativo para a classe obreira galega e a Galiza

O ano que acaba tem sido novamente nocivo para as condiçons de vida da maioria social, para o povo trabalhador e empobrecido da Galiza.

Tem sido também um ano de retrocessos das cada vez mais precárias bases materiais e imateriais da Naçom galega, submetida a umha opressom nacional de rasgos coloniais polo Estado imperialista espanhol e a UE.

Um ano no que as “esquerdinhas” se deixárom arrastar pola emboscada eleitoral de julho, bem calculada e desenhada por Feijó. Embora a maioria do povo trabalhador galego nom participamos no processo eleitoral, optando pola abstençom, a prevista relativa maioria absoluta revalidada polo PP só pode ser combatida nas ruas e nos centos de trabalho.

A oposiçom nom só está desaparecida no parlamentinho de cartom, tanto BNG como PSOE nom param de propor-lhe acordos ao PP. Com esta política conciliadora e pactista a rua recobra a sua trascendência.

A luita é o único caminho

Nom existe mais alternativa que luitar fora das instituiçons do regime de 78. A luita é pois o único caminho, tal como o constatou o proletariado de Alcoa na sua exemplar defesa dos postos de trabalho e continuidade da fábrica da Marinha, frente a decisom de desmantelamento promovida pola multinacional ianque.

Só mediante o confronto e a luita lograremos reverter a ofensiva do Capital, assim o entende o proletariado de Siemens Gamesa em Somoças.

Sem luita contundente seguiremos retrocedendo em direitos, conquistas e liberdades. Depositarmos esperanças em espetrais governos “alternativos” ao PP, em oportunistas operaçons políticas cujo estrepitoso fracasso ainda ecoa, é a mais eficaz receita para esterilizar as imensas potencialidades e capacidade de combate e vitória da classe operária.

Deslindar e confrontar com os discursos edulcorados dos “partidos de esquerda” pequeno-burgueses e as organizaçons satelitais, mas também promovendo alianças amplas em base a programas avançados derivados de acordos poliédricos, segue sendo hoje a folha de rota sobre a que devemos avançar na reconstruçom da esquerda revolucionária galega.

A conquista da nossa emancipaçom como classe, povo e naçom, só se atingira com o triundo da Revoluçom Socialista Galega, a nossa contribuiçom à Revoluçom mundial.

Mas esta nom será resultado de urnas, de post, de tuiters ou ingeniosos relatos, de exercer normalidade democrática. As grandes transformaçons no século XXI seguirám sendo resultado das barricadas, dos confrontos diretos com as forças repressivas do Capital, de insurreiçons e rebelions populares, do exercício do poder operário e popular, da expropriaçom dos meios de produçom, do lume purificador … da luita organizada e unitária do povo trabalhador e empobrecido. De lograrmos organizar com êxito a Revoluçom Socialista.

Apelos e desejos

Agora Galiza-Unidade Popular temos claro que em 2021, sempre arroupados e guiados polas bandeiras vermelhas da rebeliom, agindo com a firmeza dos princípios, a independência de classe e o optimismo da vontade, seguiremos avançando.

Continuaremos tecendo e participando nos espaços de coordenaçom e unidade da insurgência global, promovendo o internacionalismo prolétário, combatendo sem trégua toda tentativa de confrontar as classes trabalhadoras dos diferentes povos submetidos polo Estado espanhol mediante discursos chauvinistas.

Apelamos à juventude trabalhadora e estudantil galega, mas também à militáncia veterana que fruto do desencanto e a frustraçom optou polo repregamento, implicar-se ativamente na tarefa histórica de reconstruir as ferramentas de combate e vitória que necessita a nossa classe e a nossa naçom.

Sabemos que sem conquistarmos a independência e a soberania nacional nom é possível construir umha Galiza sem exploraçons nem opressons, que sem umha estratégia política de organizaçom e mobilizaçom social permanente e encadeada, empregando a rua e a combinaçom de todas as formas le luita, nunca se poderá disputar ao Capital a conquista do futuro que nos nega.

Saúdos a quem luita e a quem sem sabélo ainda tem que luitar para nom perecer

Nom queremos despedir-nos sem transmitir umha sincera saudaçom revolucionária a todas as pessoas que com diferentes graus de implicaçom e compromisso tenhem permitido avançar na reconstruçom do projeto revolucionário da esquerda independentista que Agora Galiza-Unidade Popular representa.

Também queremos saudar o conjunto da Galiza que acredita no povo galego, a classe obreira, a juventude, as mulheres trabalhadoras, o povo empobrecido e depauperado que participou nas luitas para conquistar um futuro melhor.

Saudar os presos e presas políticas galegas e do conjunto do Estado espanhol, tod@s @s represaliad@s, as organizaçons galegas e estrangeiras amigas, o movimento popular galego e os povos que em 2020 nom cedérom perante os embates do imperialismo, com destaque para o povos saraui, sírio, palestiniano, colombiano, venezuelano, iraquiano, afgao, iemeni, do Dombass … a todos eles a nossa solidariedade internacionalista.

Até a vitória sempre!

Denantes mortos que escravos!

Só a classe operária salva a classe operária!

Independência e Pátria Socialista! Venceremos!

Direçom Nacional de Agora Galiza-Unidade Popular

Na Pátria, 30 de dezembro de 2020