POR UM 2021 DE OFENSIVA REPUBLICANA E ANTIFASCISTA!
A pandemia global mudou radicalmente o ano que finaliza, alterando as agendas políticas de governos e do conjunto do movimento operário e popular.
O Covid-19 tem-se convertido na grande oportunidade histórica, que habilmente está aproveitando a burguesia para implementar a aceleraçom das medidas previstas de endurecimento das condiçons de trabalho, de restriçom de direitos e amputaçom de liberdades, imprescindíveis para manter e perpetuar a sua taxa de lucro, e alongar a vida do capitalismo crepuscular.
Está logrando aplicá-las sem praticamente resistência e oposiçom. A estratégia desinformativa gerada à volta do vírus tem provocado resignaçom e desmobilizaçom geral, inclusive entre as forças políticas e sindicais operárias e de libertaçom nacional.
O medo -sistemática e deliberadamente inoculado nestes dez longos meses-, tem paralisado as capacidades e potencialidades de luita da nossa classe e do nosso povo. Mediante manobras de distraçom tenhem contribuído para desviar a atençom sobre as tarefas e necessidades, dividir-nos ainda mais, incidindo em preocupaçons banais, supérfluas e intrascendentes que nos fam mais vulneráveis.
O caldo de cultivo provocado deste estado shock que ainda nom superamos, o medo gerado pola crise sanitária e social em curso, tem favorecido o incremento e desenvolvimento do fenómemo do fascismo.
Os confinamentos, as medidas excecionais adotadas polo Governo espanhol e a Junta da Galiza -sempre justificadas no combate à pandemia-, tenhem restringido e cortado liberdades básicas, direitos essenciais, favorecendo umha atmófera visada para aceitar submissamente o cercenamento “voluntário” das conquistas atingidas com suor, lágrimas e sangue em décadas e décadas de luita e confronto organizado.
O isolamento imposto impediu durante meses a organizaçom operária e popular perante a impossibilidade de exercer o direito de livre circulaçom. Atualmente segue vigorante polas medidas governamentais e pola “autodisciplina” que penetrou no conjunto do povo trabalhador.
A falsa disjuntiva governo “progressista” vs oposiçom fascista
Nesta conjuntura tam adversa, o fraudulento Governo “progressista” do PSOE-Unidas Podemos tem logrado um magnífico aliado. As forças fascistas e reacionárias [PP, Vox e C´s] tenhem desfigurado a sua correta caraterizaçom de simples governo burguês ao serviço dos planos do Capital e submetido aos ditados imperialismo. Por muita fachada e relato “progre” do que se dotem alguns dos seus ministros, por muitos remendinhos que fagam e sobre todo prometam, nom é mais que um Governo que procura defender os interesses da oligarquia.
O eixo de gravidade “político-ideológico” está tam escorado para a extrema-direita, que mais um governo neoliberal do posfranquismo é apresentado sem pudor algum como o “mais progressista da história de Espanha”.
Que um conjunto de morninhas reformas visadas para amortecer a luita de classes, para estabilizar a crise estrutural da III restauraçom bourbónica, contem com o apoio explícito e implícito do conjunto das “esquerdinhas” social-demócratas periféricas, nom só manifesta o seu oportunismo genético, e exprime a profunda crise de identidade e perspetiva. É também resultado da dramática carência de ferramentas defensivas operárias e populares na atual fase da luita de classes e de libertaçom nacional.
Por muito que o fascismo mediático, militar e orgánico, o definida como um “governo social-comunista-bolivariano”, a esquerda revolucionária galega segue-o caraterizando como um governo social-liberal com incrustraçons social-demócratas no que nom depositamos as mais mínimas expetativas e confiança.
Há exatamente um ano, prognosticamos que frente aos silêncios cúmplices e os calculados oportunismos, o Governo PSOE-Podemos, ia ser umha estafa, um monumental engano. 365 dias depois temos comprovado a acertada análise.
Neste ano constatamos que mais alá da retórica e de mornas medidas neokeynesianas, nom derrogárom a reforma laboral, nem a lei mordaça, seguem instalados no chauvinismo espanhol negador do legítimo e necessário exercício da autodeterminaçom. Pactuárom com o Ibex 35 o “botim” do resgate “europeio”, que novamente vai ser absorvido polas grandes empresas a custa de alongar os ERTE, incrementar o desemprego, a precariedade laboral, a pobreza e a miséria de um povo trabalhador desorganizado e desarmado ideologicamente, portanto vítima da demagogia populista fascista.
Confrontar a monarquia e o fascismo
Nestes dez meses de pandemia, o vírus fascista tem-se extendido sem limitaçons. A desligitimaçom “democrática” do governo segundo os parámetros burgueses, tem justificado permanentes apelos ao golpe de estado. O franquismo, bem instalado nos aparelhos estatais do regime, age com absoluta impunidade porque bem sabe que Pedro Sánchez e Pablo Iglesias carecem de coragem.
Juízes, generais, diretores de meios de [des]informaçom, líderes políticos, organizaçons gremiais policiais, bispos, aristócratas, e resto da escória social franquista, levam meses criando um estado de opiniom visado para justificar umha nova involuçom política.
O núcleo mais poderoso do bloco oligárquico do Ibex 35, rearticulado e consolidado pola vitória do golpe de estado de 1936, nom atura que simples capataces estejam gerindo os seus interesses desde a Moncloa. Pretende suprimir intermediários.
E os capataces carecem de firmeza e decisom política para confrontar o fascismo e o grande Capital, optando por morninhas e inofensivas condenas, que só envalentonam ainda mais os seguidores da monarquia imposta por Franco.
A peça angular do regime emanado da maquilhagem franquista som os inquilinos do palácio da Zarzuela.
Juan Carlos I e Felipe VI representam a continuidade institucional do genocida regime militar imposto a sangue e fogo. Nem o capitalismo se pode reformar, nem a monarquia pode ser “democratizada”. Ambas som falazes ilusons dos falabaratos da “esquerdinha”, que só desviam a atençom de setores operários e populares na tarefa principal: tombar o regime de 78.
A sua queda nom derivará de maiorias artitméticas parlamentares, nem de acordos de cúpulas, será resultado da luita unitária e organizada da classe operária e o conjunto do povo trabalhador.
Nada podemos aguardar da “esquerdinha” que branquea e alterna com os partidos fascistas, que legitima o aparelho estatal posfranquista.
Frente o desencanto e a frustraçom devemos continuar configurando um bloco popular antifascista e republicano, hegemonizado pola classe trabalhadora. Eis a nossa tarefa principal na alvorada do novo ano que já se divisa no imediato horizonte.
2020, novamente um ano negativo para a classe obreira galega e a Galiza
O ano que acaba tem sido novamente nocivo para as condiçons de vida da maioria social, para o povo trabalhador e empobrecido da Galiza.
Tem sido também um ano de retrocessos das cada vez mais precárias bases materiais e imateriais da Naçom galega, submetida a umha opressom nacional de rasgos coloniais polo Estado imperialista espanhol e a UE.
Um ano no que as “esquerdinhas” se deixárom arrastar pola emboscada eleitoral de julho, bem calculada e desenhada por Feijó. Embora a maioria do povo trabalhador galego nom participamos no processo eleitoral, optando pola abstençom, a prevista relativa maioria absoluta revalidada polo PP só pode ser combatida nas ruas e nos centos de trabalho.
A oposiçom nom só está desaparecida no parlamentinho de cartom, tanto BNG como PSOE nom param de propor-lhe acordos ao PP. Com esta política conciliadora e pactista a rua recobra a sua trascendência.
A luita é o único caminho
Nom existe mais alternativa que luitar fora das instituiçons do regime de 78. A luita é pois o único caminho, tal como o constatou o proletariado de Alcoa na sua exemplar defesa dos postos de trabalho e continuidade da fábrica da Marinha, frente a decisom de desmantelamento promovida pola multinacional ianque.
Só mediante o confronto e a luita lograremos reverter a ofensiva do Capital, assim o entende o proletariado de Siemens Gamesa em Somoças.
Sem luita contundente seguiremos retrocedendo em direitos, conquistas e liberdades. Depositarmos esperanças em espetrais governos “alternativos” ao PP, em oportunistas operaçons políticas cujo estrepitoso fracasso ainda ecoa, é a mais eficaz receita para esterilizar as imensas potencialidades e capacidade de combate e vitória da classe operária.
Deslindar e confrontar com os discursos edulcorados dos “partidos de esquerda” pequeno-burgueses e as organizaçons satelitais, mas também promovendo alianças amplas em base a programas avançados derivados de acordos poliédricos, segue sendo hoje a folha de rota sobre a que devemos avançar na reconstruçom da esquerda revolucionária galega.
A conquista da nossa emancipaçom como classe, povo e naçom, só se atingira com o triundo da Revoluçom Socialista Galega, a nossa contribuiçom à Revoluçom mundial.
Mas esta nom será resultado de urnas, de post, de tuiters ou ingeniosos relatos, de exercer normalidade democrática. As grandes transformaçons no século XXI seguirám sendo resultado das barricadas, dos confrontos diretos com as forças repressivas do Capital, de insurreiçons e rebelions populares, do exercício do poder operário e popular, da expropriaçom dos meios de produçom, do lume purificador … da luita organizada e unitária do povo trabalhador e empobrecido. De lograrmos organizar com êxito a Revoluçom Socialista.
Apelos e desejos
Agora Galiza-Unidade Popular temos claro que em 2021, sempre arroupados e guiados polas bandeiras vermelhas da rebeliom, agindo com a firmeza dos princípios, a independência de classe e o optimismo da vontade, seguiremos avançando.
Continuaremos tecendo e participando nos espaços de coordenaçom e unidade da insurgência global, promovendo o internacionalismo prolétário, combatendo sem trégua toda tentativa de confrontar as classes trabalhadoras dos diferentes povos submetidos polo Estado espanhol mediante discursos chauvinistas.
Apelamos à juventude trabalhadora e estudantil galega, mas também à militáncia veterana que fruto do desencanto e a frustraçom optou polo repregamento, implicar-se ativamente na tarefa histórica de reconstruir as ferramentas de combate e vitória que necessita a nossa classe e a nossa naçom.
Sabemos que sem conquistarmos a independência e a soberania nacional nom é possível construir umha Galiza sem exploraçons nem opressons, que sem umha estratégia política de organizaçom e mobilizaçom social permanente e encadeada, empregando a rua e a combinaçom de todas as formas le luita, nunca se poderá disputar ao Capital a conquista do futuro que nos nega.
Saúdos a quem luita e a quem sem sabélo ainda tem que luitar para nom perecer
Nom queremos despedir-nos sem transmitir umha sincera saudaçom revolucionária a todas as pessoas que com diferentes graus de implicaçom e compromisso tenhem permitido avançar na reconstruçom do projeto revolucionário da esquerda independentista que Agora Galiza-Unidade Popular representa.
Também queremos saudar o conjunto da Galiza que acredita no povo galego, a classe obreira, a juventude, as mulheres trabalhadoras, o povo empobrecido e depauperado que participou nas luitas para conquistar um futuro melhor.
Saudar os presos e presas políticas galegas e do conjunto do Estado espanhol, tod@s @s represaliad@s, as organizaçons galegas e estrangeiras amigas, o movimento popular galego e os povos que em 2020 nom cedérom perante os embates do imperialismo, com destaque para o povos saraui, sírio, palestiniano, colombiano, venezuelano, iraquiano, afgao, iemeni, do Dombass … a todos eles a nossa solidariedade internacionalista.
Até a vitória sempre!
Denantes mortos que escravos!
Só a classe operária salva a classe operária!
Independência e Pátria Socialista! Venceremos!
Direçom Nacional de Agora Galiza-Unidade Popular
Na Pátria, 30 de dezembro de 2020